Em evento bastante concorrido e prestigiado, a jornalista e professora da UFPB Sandra Moura lançou o livro Magistrados & Arte Musical, organizado por ela, com narrativas produzidas por vários profissionais de imprensa, constituindo-se numa coletânea de 17 perfis de magistrados do Poder Judiciário da Paraíba e suas experiências com a arte musical. As narrativas foram idealizadas e organizadas como parte de um projeto sobre histórias de vida, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba, onde a organizadora atua como docente titular.
Com prefácio do escritor e jornalista Evandro Nóbrega e orelha do jornalista Nonato Guedes, o livro não se centra na análise de relatório nem na fundamentação e conceitos jurídicos de uma sentença judicial. A sentença, aqui, que interessa, é a poética, a do plano do estético, do sensível. Entre os perfilados, estão os magistrados que cantam, compõem letras de música e/ou tocam algum instrumento, como violão, guitarra, sax, flauta, piano e sanfona. Os gêneros são os mais variados, da música erudita à popular, da música romântica, do forró ao pop rock e blues, informa a Editora Ideia, responsável pela publicação.
No livro Magistrados & Arte Musical são perfilados, em forma de depoimentos ou relatos, Adeilson Nunes, Ailton Nunes, Edailton Medeiros, Fábio Araújo, Fabrício Meira, Gustavo Urquiza, Hermance Pereira, João Tejo, Leandro dos Santos, Marcos William, Onaldo Queiroga, Paulo de Morais Bezerril, Remédios Pordeus, Romero Marcelo, Rudimacy Firmino, Túlia Neves e Vladimir Nobre. Sandra Moura define: Do ponto de vista da abordagem, a representação do magistrado neste livro não está centrada na figura do carrasco, quando se está no seu poder de atribuir penas e de determinar crimes, bem ao gosto do imaginário do grande público. Está, muito mais, para o sonhador de A chama de uma vela, do filósofo Gaston Bacheelard. A chama a que se refere o filósofo é a criação, que entrega ao sonhador instituições poéticas “para participar da vida inflamada do mundo, em que o sonhador amplia a linguagem, já que exprime uma beleza do mundo.
– Pelo lado da forma prossegue Sandra o livro não se ateve, também, ao clássico lead, que condensa o mundo no primeiro parágrafo da notícia, enquadrada na fórmula 3Q + O + P + C (o que, quem, quando, onde, como e por que). Adotou-se a linguagem do jornalismo literário, com mais liberdade na escrita e mais leveza. Os perfis, claro, obedecem às particularidades da linguagem jornalística, no sentido da clareza, da referencialidade, da garantia da veracidade e da verossimilhança, mas oferecem maior maleabilidade no uso dos recursos expressivos. Aqui, a história pode ser contada por um repórter-narrador distanciado ou envolvido com a narrativa.
Nonato Guedes