O deputado federal Ruy Carneiro, do PSDB da Paraíba, foi enfático ao afirmar que sem transparência de informações por parte do governo Bolsonaro a proposta de reforma da Previdência Social terá dificuldades para ser aprovada na Câmara e no Congresso como um todo. De onde vai sair 1 trilhão de economia, anunciado pelo governo?, questionou o parlamentar em pronunciamento. Ele recebeu a solidariedade de políticos de expressão nacional como o ex-ministro Ciro Gomes, que foi candidato a presidente da República em 2018 pelo PDT. O governo fala em economia, mas não mostra os cálculos, de modo que a sociedade é mantida desinformada acerca dos prováveis benefícios dessa reforma, verberou Ciro, que foi governador do Ceará.
Na opinião de Ruy Carneiro, o governo precisa apontar a verdadeira radiografia sobre a situação de desequilíbrio atualmente existente e deixar claro quais são as categorias mais beneficiadas e as mais prejudicadas com a proposta de reforma da Previdência. Ao mesmo tempo, conforme ele, inexistem dados concretos a respeito do déficit e dos valores médios pagos pela sociedade e pelo setor público no atual contexto. O parlamentar tucano pontuou que há interesse da grande maioria dos representantes do povo no Congresso em agilizar a discussão sobre o tema e propor alternativas que contemplem o interesse da sociedade. Mas lamenta que o governo não colabore de forma efetiva, tanto no diálogo com setores representativos da população e classe política como no esclarecimento de dúvidas que ainda cercam a filosofia da mudança na Previdência.
Ruy salientou que há um quadro visível de inquietação nos diferentes partidos políticos, provocado pela falta de dados confiáveis, bem como pela desconfiança quanto às verdadeiras intenções do poder público na concretização de uma reforma previdenciária enxuta e adequada à conjuntura atual. Para ele, o Planalto deveria ter sido mais agressivo com vistas a fomentar o amplo debate em torno da Previdência, levando em conta as pendências acumuladas ao longo de décadas no Brasil e sucessivamente agravadas em diferentes gestões. O deputado considera que, a esta altura, a reforma da Previdência tornou-se prioridade máxima, espécie de mãe de todas as reformas, mas alerta que o governo do presidente Jair Bolsonaro não está tendo habilidade para conduzir as negociações. Salientou, por fim, que pressões e imposições de setores corporativistas para serem melhor aquinhoados com a reforma da Previdência apenas radicalizam a atmosfera e emperram o avanço das discussões no âmbito do Congresso Nacional.
Nonato Guedes