Cumprindo-se a promessa do governador João Azevedo, o deputado estadual Hervázio Bezerra ascende à secretaria de Esportes dentro da equação para viabilizar o exercício do mandato na Assembleia por parte de Lindolfo Pires, que não logrou se reeleger. A equação passa por licença, ainda, do deputado Jutay Meneses, do PRB, que tende a ser aproveitado na administração municipal, titulada por Luciano Cartaxo, do PV. Hervázio perdeu para Adriano Galdino a disputa pela presidência da Assembleia Legislativa no segundo biênio (Galdino foi eleito para os dois biênios). Mas, numa confirmação da dinâmica política, Bezerra é encarado nos meios políticos como opção do PSB para a disputa da prefeitura de João Pessoa, onde tem base política-eleitoral mais densa, no próximo ano.
A prioridade número um dentro do agrupamento socialista é, naturalmente, para a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho a prefeito, em razão da indiscutível liderança que ele mantém neste reduto, que governou por quase dois períodos, e pela visibilidade ampliada com a eleição ao governo estadual também por duas vezes. Ocorre que o esquema situacionista não trabalha exclusivamente com a opção Ricardo afinal, pode acontecer de Coutinho não desejar mais voltar a cortejar a prefeitura. Há, também, uma expectativa velada sobre reflexos que pode vir a ter a operação policial-judicial que apura problemas na gestão de hospitais públicos da rede estadual. Sobre este assunto, a partir de agora, pode acontecer tudo, inclusive, nada, embora já tenha sido verificada a prisão da ex-secretária Livânia Farias, que foi, inclusive, defenestrada da equipe de Azevedo, onde fora mantida.
Abstraindo fatores subjetivos que ainda estão condicionados, ou não, a desdobramentos imprevisíveis, tem-se pela frente, novamente, uma agenda eleitoral, que é crucial para o esquema hoje comandado pelo governador João Azevedo porque demandará empenho para retomar a cidadela da prefeitura de João Pessoa, onde Ricardo reinou soberano a ponto de alçar-se do Paço Municipal diretamente para o Palácio da Redenção. Embora o esquema do atual prefeito Luciano Cartaxo (PV) dê sinais de desarticulação e de falta de nomes mais expressivos para vencer a parada, é um esquema respeitado por deter o controle da máquina e por possuir ascendência sobre outras forças políticas que laboram na oposição ao projeto socialista empalmado por Azevedo e Ricardo Coutinho.
Nomes que têm sido especulados na órbita de Cartaxo para a sua sucessão, até agora, não provocam maior impacto junto ao eleitorado ou preocupação para adversários falou-se, inicialmente, em Diego Tavares, entre outros, para entrar em campo. Luciano sente que terá de fazer concessões, se for o caso cedendo a cabeça de chapa a outros partidos com maior cacife, como tática para não perder os dedos todos das mãos. Até prova em contrário, o esquema de Cartaxo continua articulado com o grupo Cunha Lima, de Campina Grande, e mantém canais com a senadora Daniella Ribeiro, do PP. Mas é fora de dúvidas que o peso da responsabilidade por manter a prefeitura sob controle repousa nos ombros de Luciano e do irmão gêmeo Lucélio, que ficou em segundo lugar na disputa ao governo em 2018.
Como de praxe, no que tange às projeções para a disputa da prefeitura de João Pessoa, insinua-se uma miríade de pretensas candidaturas em agremiações distintas, reeditando-se a discussão em torno da melhor estratégica lógica-racional: a pulverização de candidaturas para enfraquecimento do esquema socialista de largada ou a fixação em torno de uma única chapa competitiva e com potencial concreto para impedir o retorno dos girassóis ao comando da prefeitura pessoense. Luciano tende a manter a cantilena de que a prioridade é administrativa, combinada com o discurso de que há empreendimentos de monta a serem entregues à população, ficando em segundo plano a discussão do contencioso eleitoral. Mas isto será da boca para fora porque, na prática, as tratativas correm por baixo do pano do universo político tupiniquim.
Da parte do esquema dos girassóis, não se acredita que venha a prosperar alguma articulação mirando nos nomes das deputadas Cida Ramos e Estelizabel Bezerra para concorrer à sucessão de Luciano. Ambas já foram testadas no mister, exatamente contra Cartaxo, e se deram mal. Têm mais utilidade para o governo operando na Assembleia Legislativa, embora façam quórum indispensável no palanque das futuras eleições. O PSB saiu das últimas eleições estaduais mais nutrido em termos de opção e, teoricamente, com cacife para retomar a cidadela. É o que se vai ver daqui para a frente.
Nonato Guedes