A Operação Xeque-Mate completa, hoje, um ano de sua deflagração,e uma das consequências marcantes foi mudar a configuração do poder no município de Cabedelo, na zona portuária do Estado, a partir do desbaratamento de um esquema de corrupção que motivou a prisão e afastamento do prefeito Wellington (Leto) Viana, do PRP e outras 11 pessoas que permanecem detidas de forma cautelar para não atrapalhar o andamento das novas etapas da investigação conjunta do Gaeco, MPF, Polícia Federal, CGU e Tribunal de Contas da União. O promotor Otávio Paulo Neto, coordenador do Gaeco, avalia que a Xeque-Mate foi uma das ações conjuntas mais bem executadas no combate ao crime e à corrupção.
– A parceria dos órgãos envolvidos e articulados tem mudado a cara do combate à corrupção. Tem permitido alcançar coisas que não estavam no nosso radar acrescenta Otávio Paulo Neto, considerando que a Paraíba serve de exemplo de que ações integradas podem promover mudanças substanciais. Além disso, diz que o Judiciário paraibano tem mostrado uma coragem moral digna da sua responsabilidade. Os juízes paraibanos têm dignificado o combate à corrupção e ao crime organizado, pois exigem a dureza da lei dentro de limites éticos. E o Judiciário vem se portando condignamente, expressou.
Recentemente, sob a supervisão do Tribunal Regional Eleitoral, foram realizadas eleições suplementares para prefeito e vice de Cabedelo devido à renúncia de Leto Viana e ao falecimento do vice Flávio Oliveira, vítima de um infarto. O resultado das eleições projetou a vitória de Vítor Hugo, tendo como vice Aguinaldo Silva. Vítor Hugo passou a exercer interinamente a prefeitura de Cabedelo com as prisões e afastamentos que alcançaram, ainda, vereadores e familiares de agentes públicos. Ultimamente, foi preso o empresário Roberto Santiago, proprietário do Manaíra Shopping e supostamente envolvido em maquinação para a compra do mandato do ex-prefeito José de Lucena Filho (Luceninha) por Leto Viana, que acabou defenestrado. As investigações constataram a participação de autoridades em esquemas como doações fraudulentas de imóveis do patrimônio público municipal, bem localizados e de alto valor, para empresários da região, sem que houvesse observância de critérios objetivos para a escolha dos beneficiados.
Algumas autoridades públicas de Cabedelo registraram aumento patrimonial espantoso, muito acima do condizente com sua renda. Somente na aquisição de imóveis nos últimos cinco anos, verificou-se que um agente político envolvido movimentou mais de 10 milhões à margem do sistema financeiro oficial. Dez vereadores foram afastados diante dos indícios de participação direta nas irregularidades. Quando a Xeque-Mate foi deflagrada, foram cumpridos ao todo onze mandados de prisões preventivas, quinze sequestros de imóveis e trinta e seis de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça da Paraíba. O prefeito Vítor Hugo, confirmado na eleição suplementar para concluir o mandato-tampão, é filiado ao PRB.
Da Redação, com Correio da Paraíba