Um dos mais ousados e arriscados negócios na indústria automobilística brasileira e internacional está para se concretizar e envolve um empresário paraibano, formado em Medicina: Carlos Alberto de Oliveira Andrade, titular do Grupo Caoa, iniciais do seu nome, que se prepara para assumir a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, São Paulo. O site UOL publica uma densa reportagem sobre as negociações de bastidores para efetivação da transação e narra a trajetória de Carlos Alberto, que já foi o maior revendedor da Ford na América Latina, tem 76 anos de idade e pretendeu na década de 90 militar na política estadual, como suplente de senador.
A ideia de Carlos Alberto na aquisição do novo empreendimento é a de produzir peças pesadas sob licença da empresa norte-americana, que está fechando unidades versadas na fabricação desses equipamentos justamente por avaliar que tem tido prejuízos e perspectivas futuras de incremento desses prejuízos, embora seja de 12% o controle do referido mercado. A Caoa fechou uma aliança com a Cherry, de fabricação francesa, há praticamente um ano. O grupo dirigido por Carlos Alberto se orgulha de ser o maior conglomerado automobilístico no país e ter fechado parcerias com outras multinacionais festejadas do segmento automotivo. Os entendimentos continuam se desenrolando e o empresário é otimista acha que conseguirá êxito.
Carlos Alberto de Oliveira Andrade sempre encarou desafios. Filho do comerciante Salustiano Domingos de Andrade, bastante conhecido em João Pessoa como Seu Salu, Carlos teve infância e adolescência absolutamente convencionais, como registrou a extinta revista paraibana A Carta, de Josélio Gondim, em matéria de capa. Estudou no Colégio Pio X, fazendo o ginásio e cursou o Científico na cidade do Recife, para onde se mudou no início dos anos 60. Enquanto estourava o movimento militar de março de 1964, com a derrubada do governo de João Goulart e implantação da ditadura militar, Carlos Alberto, alheio a toda a agitação, see preparava para cumprir o vestibular de medicina na Universidade Federal de Pernambuco. Seis anos depois, já formado, transferiu-se para São Paulo, onde durante dois anos especializou-se em cirurgia gástrica. Concluída a residência médica, viajou de ônibus até Campina Grande para atender a uma exigência puramente afetiva: era ali que residia sua noiva. Não teve obstáculos para conseguir emprego na medicina e em pouco tempo juntou dinheiro para concretizar um sonho: comprar um Landau. Em dezembro de 78, procurou uma distribuidora de veículos Ford da cidade e encomendou o veículo de sua vida. Começava aí uma história que mudou completamente o seu itinerário.
Impaciente com a demora no recebimento do automóvel, Carlos Alberto pediu ao revendedor que lhe devolvesse o dinheiro, pago por antecipação. Informado de que era impossível, pois o revendedor estava quebrado e a firma estava à venda, Carlos Alberto partiu para adquirir a concessionária Vepel, como única solução para receber o que lhe pertencia. Não tinha a menor experiência no ramo e teve que encampar o passivo da empresa. Seis meses depois, e realizando sucessivas experiências de transação comercial, a Vepel já vendia uma média de cem automóveis por mês. Carlos acabou recebendo proposta da própria Ford para se estabelecer em centros maiores e mudou-se para São Paulo. Em Pernambuco, acabou expandindo negócios e de forma contínua promoveu expansões e obteve conquistas em série.
O êxito empresarial de Carlos Alberto de Oliveira Andrade despertou o interesse de políticos um dos primeiros a se aproximar dele foi o ex-governador Wilson Leite Braga, que insinuou uma candidatura do empresário ao Senado. Manteve um excelente relacionamento com outros políticos como Antônio Mariz, Ronaldo Cunha Lima e Humberto Lucena, além do ex-governador Tarcísio Burity, por cujas mãos cogitava ingressar na política. Em 94 ele abalou-se até à Paraíba e tentou figurar numa chapa do PMDB ao Senado, ora como suplente de Humberto Lucena, ora como suplente de Ronaldo Cunha Lima. Mas chegou tarde e acabou sendo atropelado no jogo das articulações para preenchimento de chapas e registro de candidaturas. Saiu da Paraíba e foi repousar em Comandatuba, na Bahia. Nunca mais se interessou por ser candidato a mandatos, mas não deixou de contribuir com campanhas de candidatos de diferentes partidos. Agora, mantendo o dinamismo das atividades empresariais, parte para um novo desafio na sua carreira de homem vitorioso no ramo automobilístico.
Nonato Guedes, com UOL