Abraham Weintraub, novo ministro da Educação do governo do presidente Jair Bolsonaro, é tão polêmico quanto o antecessor, Ricardo Vélez Rodriguez, exonerado no bojo de uma crise que vinha paralisando a atuação da Pasta e prejudicando a qualidade do ensino ministrado no país. Weintraub é formado em economia pela USP, fez mestrado na Fundação Getúlio Vargas e a partir de 2016 integrou o quadro docente da Universidade Federal de São Paulo Unifesp. É tido como um técnico versado em temas como a Seguridade Social, por exemplo e numa transmissão ao vivo em rede social, há poucos anos, sugeriu que as universidades do Nordeste não deveriam ensinar filosofia ou sociologia, mas, sim, dar ênfase à agronomia, por ser, conforme ele, mais compatível com as peculiaridades desta região.
Weintraub chegou a manifestar simpatia pela candidatura da ex-ministra Marina Silva a presidente da República, mas acabou apoiando e se engajando à campanha de Bolsonaro, que o conheceu durante um seminário em que fez palestra com sugestões para uma reforma da Previdência no Brasil, o que teria causado forte impressão ao então candidato do PSL ao Palácio do Planalto. O intermediário para uma aproximação entre o novo ministro e o presidente Bolsonaro foi o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, que é encarregado da articulação política junto ao Congresso Nacional. Também a exemplo de Ricardo Vélez, o novo ministro é identificado com opiniões do filóssofo Olavo de Carvalho, um ex-astrólogo que reside na Virgínia, Estados Unidos e que é guru da família Bolsonaro, pela sua postura favorável à desideologização no ensino universitário.
Ricardo Vélez, com origens colombianas, foi considerado um ministro desastrado no governo de Bolsonaro, que está completando três meses de atuação. O próprio presidente da República admitiu falhas cometidas por ele em questões cruciais para o país como a aplicação do calendário de provas do Enem. Weintraub, igualzinho a Vélez, repudia o que chama de marxismo cultural. A mídia sulista trata o novo ministro como um técnico especializado em temas de abrangência social, caso da Previdência, que teria condições de imprimir uma dinâmica melhor ao ministério da Educação e Cultura. Mas segmentos intelectuais e culturais do país questionaram o preparo e as posições emitidas pelo substituto de Vélez, cogitando, mesmo, que a tendência do ensino é piorar daqui para a frente. Durante dezoito anos, Weintraub fez carreira no Banco Votorantim, de office-boy a economista-chefe e também atuou em corretora e em outras empresas da iniciativa privada. É a primeira grande mudança operada no governo de Bolsonaro, depois que o ministério da Educação virou um pandemônio na gestão de Ricardo Vélez, em meio à interferência constante do escritor Olavo de Carvalho, que continua a dar as cartas no governo de Bolsonaro, inclusive, com liberdade para criticá-lo, como já o fez em posts nas redes sociais.
Nonato Guedes