O empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti, que revolucionou o Sistema Correio de Comunicação na Paraíba e conseguir manter o jornal Correio da Paraíba como o único da iniciativa privada impresso e em circulação no Estado, é, também, um notável articulista, que com assiduidade regular produz artigos e crônicas, com a liberdade de versar sobre os mais diversificados assuntos, sem abrir mão da condição de que sejam, de algum modo, de interesse público, ainda que, em alguns casos, abordem episódios pessoais. Mas há episódios pessoais que rendem belíssimas ou fantásticas histórias a que muita gente gostaria de ter acesso, pela necessidade de ampliar o universo do conhecimento ou, às vezes, pela curiosidade que é inata ao ser humano, especialmente num mundo globalizado e monopolizado pelas redes sociais que dão a impressão de instituir uma democracia direta de massas, o que não é bem isso. Mas isso é tema para outras digressões.
A menção que faço a Roberto, que, para minha honra, foi meu diretor no Correio da Paraíba numa época em que dividia o comando com o saudoso Paulo Brandão e com o erudito José Fernandes Cavalcante, uma das figuras mais prodigiosas do pensamento na Paraíba, não é aleatória. Dá-se, a tal menção, em decorrência do impulso que Roberto teve em se candidatar a uma vaga na Academia Paraibana de Letras, mais precisamente à cadeira do saudoso Carlos Romero. Não sou integrante da Academia, o que não me impede de divulgar suas atividades e prestigiar, eventualmente, algumas de suas iniciativas públicas. Como editor de jornal, no Correio e em A União, abri espaços para cronistas que engrandeciam as páginas de opinião desses veículos. Sei que vou cometer injustiças, mas citaria Osias Nacre Gomes, Álfio Ponzi, o próprio Carlos Romero. Leio com prazer os artigos e as crônicas de Roberto Cavalcanti, e o depoimento que me ocorre é enfático: ele é detentor de todos os títulos e credenciais para compor a APL e, por extensão, para ocupar a cadeira que era de Carlos Romero, sem demérito a outros postulantes já anunciados.
Atendendo a ponderações de admiradores e amigos, Roberto Cavalcanti está enfeixando em livro o supra-sumo dos seus comentários expendidos nas páginas do Correio da Paraíba, singularizando o caleidoscópio de assuntos de que trata, com fluência e densidade. Posso testemunhar que há farto e substancioso material, importante para leitura e reflexão. Cada artigo ou crônica de Roberto, além de pormenorizar informações inéditas, extraídas do recôndito da memória e da vivência, deixa uma lição eloquente, porque traduz experiência de vida assentada em princípios elementares que a maioria da sociedade cultiva. Desse ponto de vista, confesso que Roberto Cavalcanti tornou-se, para mim, como leitor mortal, uma gratíssima revelação. As crônicas, principalmente, revestem-se daquela tonalidade exigida para a leveza do espírito. Os artigos são enriquecedores e de leitura aprazível, mesmo quando mergulham em dados técnicos que, à primeira vista, pareceriam maçantes. Roberto teve a habilidade de conciliar os estilos de que se vale, e nisto deve ter sido ajudado pela sua vocação intrínseca para a comunicação, ou para o jornalismo.
Com origens fincadas no vizinho Estado de Pernambuco, Roberto Cavalcanti assumiu na plenitude ares de paraibanidade quando aqui se fixou para levar adiante empreendimentos que saltaram da Polyutil para o Correio da Paraíba. Fez mais pela imprensa da Paraíba do que certos condestáveis que se arvoraram de primeiros-ministros em órgãos de circulação no Estado e além-fronteiras. Não é à toa que o Correio da Paraíba sobrevive, coexistindo entre o impresso e o digital, antenado que é Roberto Cavalcanti com a transformação das mídias e com a sua utilização correta para irradiação da boa informação. Sob seu comando, as empresas de comunicação do Sistema Correio exercem um preponderante papel social no âmbito da comunidade paraibana. Não são focadas exclusivamente no lucro; possuem responsabilidade com a sociedade que as acolhe e oferecem a contrapartida, que se fecha com o reconhecimento manifesto pelos variados segmentos do nosso extrato social.
Roberto Cavalcanti não é um estranho no ninho e já deu provas sobejas da sua capacidade polivalente e da contribuição decisiva que tem proporcionado ao desenvolvimento social, econômico e cultural da Paraíba. Está talhado para compor a augusta Academia Paraibana de Letras, com certeza!
Por Nonato Guedes