Aliados do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB) acreditam que ele está montando uma estratégia de fortalecimento do seu esquema capaz de viabilizar uma candidatura sua ao governo em 2022. Ontem, Rodrigues empossou secretários, alguns deles com cacife para disputar a sucessão do atual prefeito no próximo ano, a exemplo de Bruno Cunha Lima, investido na Chefia de Gabinete, Lucas Ribeiro na Ciência e Tecnologia, Carlos Dunga Júnior como adjunto da Seplan, Josimar Henrique, na Urbema, Diogo Flávio Lyra Batista no Planejamento, Gestão e Transparência, Renato Gadelha na Agricultura e Rafael Pereira de Sousa (Rafafá) na Coordenadoria de Juventude, Esporte e Lazer.
Bruno, que foi candidato a deputado federal mas não logrou êxito, já chegou a afirmar em entrevista que pretende concorrer à prefeitura de Campina Grande. Os deputados estaduais Tovar Correia Lima e Manoel Ludgério também se insinuam nessa perspectiva. Renato Gadelha, embora filiado ao PSC, pode se consolidar como alternativa. Romero não pretende estimular uma antecipação da discussão sobre o processo sucessório tanto por não querer afetar o ritmo administrativo como porque deseja testar seu grau de liderança dentro do agrupamento. Afinal, no campo em que ele atua, sobressai como figura de expressão o ex-senador Cássio Cunha Lima, apesar de ter sido derrotado na tentativa de se reeleger em 2018.
Romero, no ano passado, tentou mexer-se para ser candidato ao governo do Estado dentro do bloco de oposição ao PSB. Colocou seu nome em pauta nas discussões preliminares em que o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PV, também se ofereceu como alternativa natural para concorrer ao Palácio da Redenção. No final das contas, nem Luciano nem Romero se desincompatibilizaram dos mandatos de prefeitos para disputar o governo. Ao invés disso, compuseram uma chapa doméstica que acabou derrotada nas urnas, tendo como postulante ao governo Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do gestor da Capital, e doutora Micheline Rodrigues, mulher de Romero, como candidata a vice. A composição teve o endosso do grupo da senadora eleita Daniella Ribeiro, do PP, de que faz parte o vice-prefeito de Campina, Enivaldo Ribeiro, além do deputado federal Aguinaldo. A eleição do socialista João Azevêdo em primeiro turno, com o reforço de Ricardo Coutinho, desmontou, em grande parte, a estratégia que fora montada.
Passado o pleito de 2018, a tendência é de dispersão de forças políticas. Cássio Cunha Lima, por exemplo, dificilmente tentará disputar novamente o governo, não havendo indícios de que esteja cogitando disputar a prefeitura no próximo ano (ele foi prefeito de Campina por três vezes). Romero está de malas arrumadas para deixar o PSDB e ingressar num partido que esteja na base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ainda que não necessariamente o PSL, onde, segundo ele, há muitos caciques (Romero se considera índio). Ainda assim, Romero está decidido a garantir a permanência do seu grupo na administração de Campina Grande. E espera contar com a compreensão e o apoio de Cássio e de Daniella para a hipótese de se lançar candidato ao governo em 2022.
Nonato Guedes