O Partido dos Trabalhadores voltará a ter candidato próprio a prefeito de João Pessoa, embora integre o governo João Azevêdo (PSB) no Estado e a coligação política que lhe dá apoio. O anúncio foi feito, ontem, na Capital, pelo vice-presidente nacional do PT, deputado federal Paulo Teixeira (SP), que cumpre agenda, também, em Campina Grande, dentro da missão de aglutinar forças e desenvolver as primeiras linhas estratégicas da legenda para a disputa eleitoral de 2020. O último candidato lançado pelo PT a prefeito de João Pessoa foi o atual prefeito Luciano Cartaxo, que saiu vitorioso em 2012 derrotando Cícero Lucena (PSDB) no segundo turno e foi reeleito em 2016 mas já concorrendo pelo PSD. Posteriormente, Luciano migrou para o PV, pelo qual seu irmão gêmeo Lucélio disputou o governo do Estado em 2018, sem êxito.
Na época em que Cartaxo era filiado ao PT, João Pessoa era a única Capital do Nordeste administrada pelo Partido dos Trabalhadores. O alcaide desfiliou-se da legenda por se sentir incomodado com os escândalos que começaram a pipocar na esfera nacional, a partir do mensalão, culminando ultimamente com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já admite migrar para a prisão domiciliar, segundo declarações, ontem, ao blog de Kennedy Alencar (São Paulo). O PT paraibano, atualmente, está alinhado ao PSB, com a presença do ex-deputado federal Luiz Couto no comando de uma secretaria do governo João Azevêdo e com a perspectiva de convocação, pelo governador, de um deputado da sua base para favorecer a volta de Anísio Maia à titularidade na Assembleia Legislativa. Luiz Couto foi candidato a senador em 2018, numa articulação conduzida diretamente pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que havia trazido à Paraíba os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff para acompanhar a chegada de águas da transposição do rio São Francisco. Couto obteve votação expressiva mas não logrou eleger-se ao Senado. O esquema de Ricardo e Azevêdo conseguiu fazer vitoriar o candidato Veneziano Vital do Rêgo, que migrou do MDB para o PSB, ficando a segunda vaga de senador com Daniella Ribeiro, do PP.
O dirigente Paulo Teixeira reuniu-se em João Pessoa com a cúpula do petismo paraibano e hoje promove reuniões com dirigentes da agremiação em Campina Grande e demais municípios da região denominada Compartimento da Borborema. Paulo Teixeira apontou o nome de Luiz Couto como o mais expressivo e o que tem melhores condições de disputar a sucessão de Luciano Cartaxo, mas ressaltou que poderão ser discutidos outros quadros da legenda. Luiz Couto ficou em terceiro lugar na disputa senatorial, com mais votos do que o tucano Cássio Cunha Lima, que largou como favorito para a reeleição e acabou enfrentando uma derrota acachapante na sua biografia. O vice-presidente nacional Paulo Teixeira abordou as restrições que o Partido dos Trabalhadores opõe ao projeto de reforma da Previdência encaminhado ao Congresso pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, do PSL.
Salientou que não é totalmente inflexível contra todos os pontos da proposta de reforma previdenciária, citando, por exemplo, que apoia a sugestão de que ninguém recebera acima do teto do regime público. Da mesma forma, é favorável a que não ocorra uma desvinculação de receitas da União, a chamada DRU, que é questão controversa entre os próprios parlamentares. Infelizmente, de R$ 1 trilhão e 200 bilhões que o governo quer economizar, 900 bilhões de reais são provenientes de quem recebe até dois salários mínimos, e nós seremos contrários a essa proposta, enfatizou Paulo Teixeira. Retomando, ainda, a questão do processo eleitoral para a disputa de prefeituras, o vice-presidente nacional informou que a cúpula pretende avaliar com interesse a situação dos aliados nos municípios para uma definição consensual de candidaturas.
Nonato Guedes