Em meio aos preparativos do PSDB para realizar, amanhã, sua convenção estadual que elegerá a nova Comissão Executiva, intensificaram-se, ontem, os rumores de que o ex-senador Cícero Lucena e sua mulher, a ex-vice-governadora Lauremília, que deverão ser substituídos no comando tucano na Capital, passaram aser cortejados por expoentes de outras agremiações, interessados em filiá-los dentro de uma estratégia de fortalecimento de quadros. Cícero é avaliado como fortíssimo candidato a prefeito de João Pessoa, mas desde 2012 tem dito que não pretende mais disputar mandatos. Só se eu fosse doido, afirmou ele, em tom de blague, ao site Os Guedes, no ano passado, quando indagado se ainda acalentava pretensões políticas.
O último pleito que Lucena disputou foi, em 2012, a prefeitura da Capital, para a qual havia sido eleito em 1996 e 2000. Ele ainda conseguiu avançar para o segundo turno, enfrentando o candidato Luciano Cartaxo, que concorria pelo Partido dos Trabalhadores, mas foi derrotado na finalíssima. Concluiu o mandato de senador em 2014 e não postulou a reeleição, ficando a vaga com José Maranhão, do então PMDB. Lucena passou, então, a retomar atividades empresariais ele atuava na construção civil em João Pessoa quando foi atraído para a política como candidato a vice-governador de Ronaldo Cunha Lima,que derrotou Wilson Braga em segundo turno nas eleições de 1990. Em 94, com a renúncia de Ronaldo para concorrer ao Senado, Cícero cumpriu mandato de governador por cerca de dez meses, credenciando-se, então, a uma vaga senatorial.
Ele foi, também, secretário de Planejamento do Estado na segunda gestão de Cássio Cunha Lima e, antes, ocupou a secretaria de Políticas Regionais, com status de ministério, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A pasta era vinculada ao ministério do Planejamento, que por sua vez era titulado por José Serra, que foi candidato a presidente da República, derrotado, pelo PSDB. Cícero Lucena tem se mantido afastado de discussões políticas desde o fim do governo Ricardo Coutinho e a ascensão do governador João Azevêdo, do PSB. Ele se considerou recompensado por ter sido absolvido em todos os processos movidos contra ele sob alegação de irregularidades administrativas no período em que foi prefeito de João Pessoa. Cícero e ex-auxiliares foram alvos da chamada Operação Confraria e ele foi levado de casa para a Superintendência da Polícia Federal em João Pessoa para prestar depoimento.
No que diz respeito à renovação de comando no PSDB, o deputado federal Ruy Carneiro, que voltou à Câmara nas eleições de 2018, passará o bastão ao deputado federal reeleito Pedro Cunha Lima, filho do ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima, que terá o desafio de reestruturar a agremiação em todo o Estado e prepará-la para as futuras eleições municipais, com atenção para Campina Grande, reduto do clã Cunha Lima, onde o prefeito reeleito Romero Rodrigues migrou do PSDB para o PSD, integrando-se à base do governo de Jair Bolsonaro (PSL), embora não tenha rompido com Cássio e com os tucanos do Estado. O deputado federal Pedro Cunha Lima declarou que está disposto a aceitar o desafio de reestruturar o PSDB na Paraíba, com a atração de quadros emergentes, e acredita que a sigla ainda tem espaços de penetração em redutos estratégicos de várias regiões. Sou otimista quanto ao fortalecimento do partido, frisou, evitando comentar as especulações, a nível nacional, de que pode vir a ocorrer uma fusão entre o PSDB e o Democratas, que, na Paraíba, participa do governo socialista de João Azevêdo, que os tucanos criticam.