Caiu do céu para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus fanáticos assalariados a trapalhada do presidente Jair Bolsonaro ao acenar com a nomeação do ministro da Justiça, Sérgio Moro, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal em 2020. É que a narrativa de Bolsonaro deu a entender um caráter de barganha embutida na presumível indicação de Moro para a Corte mais alta do país. O presidente, no jeitão espontâneo que lhe é característico, revelou que havia compromisso com Moro de indicá-lo ao STF desde a campanha eleitoral de 2018. Pronto: está configurado o tão condenável toma lá, dá cá. O PT, que teve engenho e apetite para criar o mensalão que desviou dinheiro dos cofres públicos e que foi de uma desfaçatez ilimitada ao definir caixa dois como dinheiro não contabilizado, na expressão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, avançou com sede na jugular de Moro, pondo em dúvida a sua capacidade ética e moral para ser juiz no Supremo Tribunal Federal se, afinal de contas, será, nessas circunstâncias, um rebento de barganha política.
Moro não tem votos, nunca foi filiado a partido político, jamais disputou mandato eletivo. Tem uma sólida formação jurídica. E, perante o Santo Graal da política brasileira, o ex-presidente Lula, cometeu suprema heresia: determinar a sua prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula nunca o perdoou, jamais o perdoará já deixou claro isto inúmeras vezes. A militância petista, treinada para santificar ou deificar Lula, pegou carona na palavra de ordem do chefe dentro da estratégia para desqualificar Sérgio Moro. O enredo visa a demonizar Sérgio Moro, sangrá-lo até onde for possível, como punição pela coragem que ele teve, na condição de mero juiz, de rastrear a roubalheira praticada pelo PT e acabar chegando ao que um ministro do Supremo chamou de chefe de uma organização que saqueou os cofres públicos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Há muita hipocrisia rondando o quiproquó da nomeação presumível de Moro para o Supremo Tribunal Federal. Em primeiro lugar, o STF, apesar da sua autonomia e do seu papel judicante, é uma instituição política no organograma de poder institucional brasileiro. Os ministros não ingressam na Corte por concurso são nomeados por presidentes da República de plantão. O PT, na Era Lula (oito anos) e na Era Dilma (6 anos) usou e abusou de nomeação de membros do Supremo. Um dos notáveis que Lula nomeou foi o ministro Joaquim Barbosa, que chegou a presidente da Corte. Pois bem! Não obstante ter sido grato a Lula, Joaquim Barbosa, ao tomar assento no Supremo, vestiu a toga de juiz. Foi ele (lembram?) o relator do famoso mensalão, ou da mesada sobre o que Lula sempre alegou ignorância olímpica, numa ofensiva midiática para rechear os papéis que o iriam santificá-lo na política e na história do Brasil. Afinal, nunca antes, não é mesmo?
Evidente que essa história da estratégia de nomeação não só de Sérgio Moro, mas de outros juízes que condenaram Lula, para compor o Supremo Tribunal Federal deve ter algum esclarecimento, mas apenas do ponto de vista de confirmação de versões, porque fora daí não há muito o que fazer. A nomeação em si é subjetiva e os presidentes que puderam fizeram suas escolhas, inclusive Michel Temer, que está preso em São Paulo e que foi o último a dar expediente no Palácio do Planalto. A nomeação de Moro pode ser revista, o próprio ministro da Justiça pode se desinteressar pela ambição de ocupar a vaga, essencial para qualquer currículo e fim de papo. O que não dá para retroagir é na nomeação dos ministros apadrinhados por Lula. Nem dá para esquecer que num certo governo de Dilma Rousseff o ex-presidente Lula da Silva moveu céus e terras para ocupar um Ministério a pretexto de assegurar imunidade e não ser preso. Esse Lula, que dá nó em pingo dagua e, ainda assim, é glorificado. O Brasil tem dessas coisas.
Como Bolsonaro rege um governo atabalhoado, tudo é pretexto para escorraçá-lo como a um cão danado e, no reverso da medalha, entronizar de volta o Partido do roubo, do mensalão, do petrolão o Partido dos Trabalhadores, uma das maiores obras de Lula da Silva. Nada contra. Já faz muito tempo que política é assunto de polícia no Brasil e a Era Lulopetista incentivou à larga esse fenômeno, com os episódios escatológicos de dinheiro na cueca, etc, etc. Mas vamos sangrar Moro. E trazer Lula com urgência. O Brasil precisa muito do concurso do atual presidiário.
Nonato Guedes