O Palácio do Planalto confirmou para sexta-feira próxima, dia 24, a primeira visita do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) ao Nordeste, desde que está à frente do cargo há pouco mais de quatro meses. Trata-se de uma região que nas eleições presidenciais do ano passado funcionou como reduto do lulopetismo, dando vantagem ao candidato Fernando Haddad, que foi pessoalmente escolhido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com raízes nesta área. Ainda agora, em pesquisas de opinião pública, o presidente Jair Bolsonaro enfrenta os mais elevados índices de rejeição no Nordeste.
De há muito ele vem idealizando uma ofensiva para neutralizar a penetração do petismo e conquistar apoios ao seu governo no Nordeste. O ponto alto da programação de sua visita na sexta-feira, que deverá ficar limitada ao Estado de Pernambuco, com passagens por Petrolina e pelo Recife, será o anúncio de um Plano de Desenvolvimento Regional que beneficiará os Estados da região do semiárido. Apurou-se que o governador da Paraíba, João Azevêdo, do PSB, foi convidado para o encontro, mas ainda não confirmou participação. Azevêdo tem adotado postura crítica em relação à gestão de Bolsonaro, juntamente com o ex-governador Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira, do PSB nacional.
O atual governador paraibano tem preferido se integrar a outros governadores da região num Fórum específico que avalia periodicamente as demandas locais e expõe posições firmes mediante a elaboração de Cartas ao presidente da República, contendo sugestões sobre medidas que precisam ser tomadas com urgência pelo governo federal para corresponder às suas obrigações de atendimento ao povo nordestino. Na última Carta que teve o governador paraibano como signatário a tônica foram as críticas à política de cortes nas universidades federais, que no caso da Paraíba atingirá profundamente a Universidade Federal, o Instituto Federal de Educação e a Universidade Federal de Campina Grande. Os gestores nordestinos deixaram patente a insatisfação com ausência de políticas públicas favoráveis aos nordestinos e externaram a apreensão de que venha a ser posta em prática um desmonte das instituições superiores educacionais, a pretexto de valorização da educação básica.
O deputado federal Gervásio Maia, do PSB da Paraíba, que criticou da tribuna da Câmara a adoção de cortes nas Universidades, salientou que é enorme o contencioso do governo do presidente Jair Bolsonaro para com as reivindicações do Nordeste, inclusive, no que diz respeito à questão da segurança hídrica, bem como a compromissos mais sólidos com a continuidade do projeto de transposição das águas do rio São Francisco que, segundo lembra, só ganhou viabilidade graças à vontade política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, na sequência, à reafirmação encetada pela presidente Dilma Rousseff. O parlamentar acredita que o governo Bolsonaro, por revanchismo político-ideológico, até agora tem penalizado seriamente o Nordeste. Gervásio Maia espera que a visita anunciada para a próxima sexta-feira possibilite ao presidente da República e ao seu staff se redimirem das injustiças cometidas contra a população da região.
Nonato Guedes