Em artigo publicado hoje pelo Correio da Paraíba o ex-deputado estadual Francisco Evangelista, atualmente dedicado a atividades empresariais, comenta que o balão de ensaio no Congresso Nacional para a prorrogação de mandatos de prefeitos e vereadores é uma usurpação ao direito do eleitor de escolher seus representantes, constituindo retrocesso diante de avanços democráticos conquistados no país. Todos os prefeitos foram eleitos pelo povo por quatro anos e isto deve ser respeitado. Temos excelentes gestores, mas a maioria está em dificuldade por incompetência, falta de criatividade e ainda com muitos problemas na Justiça, verberou Evangelista, mencionando casos de afastamento de vários prefeitos em cidades como Patos, Cabedelo, Bayeux e outros municípios, enquanto há processos em tramitação envolvendo mais gestores públicos.
Textualmente, alertou o ex-deputado Francisco Evangelista: Prorrogar é usurpar o direito do povo e somente nos períodos de exceção, como houve em 1964, quando se instalou um regime ditatorial que durou 21 anos, prevalecia a nomeação de governadores, senadores e prefeitos das Capitais, enquanto mandatos eram prorrogados contrariando a vontade popular que deve ser acatada sob todos os aspectos. Evangelista chamou a atenção para o fato de que a moeda corrente, hoje, no sistema político brasileiro, é a democracia, na qual o povo deve decidir tudo soberanamente, através de eleições livres.
Fazendo um retrospecto da conjuntura política-institucional brasileira, o ex-parlamentar não poupou críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, na sua opinião, cometeu um crime de lesa-pátria ao negociar com o Congresso, de forma não republicana, a própria reeleição, que acabou tendo efeito colateral e sendo estendida aos futuros presidentes, governadores e prefeitos. Pessoalmente, Evangelista define a reeleição, no Brasil, como um desastre de proporções nacionais, observando que os que estão no poder e disputam a recondução fazem acordo até com o Diabo, alusão a uma frase dita pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi reeleita em 2014 mas acabou sofrendo processo de impeachment e sendo afastada do Executivo.
E arremata Evangelista: Sou favorável à coincidência dos mandatos, e os congressistas que querem prorrogá-los absurdamente articulem-se para aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional conferindo seis anos para os que forem eleitos em 2020, a fim de que em 2026 sejam realizadas eleições gerais. Trata-se de uma saída honrosa, legal, justa e honesta. Vencerão, acredito, os melhores, pois o povo brasileiro está cada vez mais escolhendo com cuidado e zelo.