O debate travado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi e o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira, do PSB nacional, para a costura de um Fórum de Oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) já começa a dar frutos. Ontem, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) confirmou a participação de sete partidos no Fórum: além do PT e PSB, o PSOL, Rede, PCB, PCdoB e PDT comporão o movimento de resistência a medidas polêmicas que o governo Bolsonaro vier a tomar, em paralelo com a defesa da democracia e do Estado de Direito no país.
A conversa de Lula com Ricardo Coutinho e Carlos Luppi deu-se recentemente na cela a que o ex-presidente da República está recolhido, na Superintendência da Polícia Federal, onde cumpre pena de pelo menos uma década por acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula, que luta na Justiça através de seus advogados para remissão da pena e que pessoalmente se empenha em provar sua inocência, acha urgente a unidade dos partidos de oposição contra reformas anunciadas por Bolsonaro que são consideradas antidemocráticas. Depois das manifestações do último domingo em diferentes lugares do país, convocadas em apoio às reformas propostas por Bolsonaro ao Congresso, os opositores acenam com novas manifestações de protesto, a pretexto de manter a defesa da Educação, que estaria ameaçada de sucateamento diante do corte de verbas imposto pelo Planalto a universidades federais.
De acordo com a deputada Gleisi Hoffmann, há um pacto de superação de divergências entre partidos de oposição para ser atingido o objetivo prioritário o de combater e derrotar as propostas de Bolsonaro que envolvem a reforma da Previdência, o pacote anticrime e reformas tributária e trabalhista pontuais. Os adversários questionam o alcance e a legitimidade das reformas que estão sendo propostas e nas últimas horas passaram a investir contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, por ter sido signatário, juntamente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de um terceiro pacto republicano por mudanças estruturais. Em relação ao Supremo, alega-se que a instituição deverá ser chamada a arbitrar conflitos entre Executivo e Legislativo na apreciação das reformas, e, quanto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o argumento é o de que ele foi duramente atacado nas manifestações do último domingo que tiveram o incentivo do presidente Jair Bolsonaro, em redes sociais. O governante qualificou as manifestações como positivas e encorajadoras para as reformas que, a seu ver, precisam ser feitas.
O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, salienta que, no contraponto às medidas anunciadas por Bolsonaro, está havendo uma reação das forças democráticas contra o que o socialista chama de retrocessos absurdos que estariam em gestação no círculo de poder em variadas questões, avançando, agora, pelo meio ambiente. O presidente da Fundação João Mangabeira ressalta que o governo Bolsonaro confirma as suspeitas de que não tem nenhum compromisso com os avanços e muito menos com as conquistas que vinham sendo incorporadas nas lutas de segmentos da sociedade, daí ponderar que é fundamental a aglutinação dos que se opõem a medidas ditatoriais. Gleisi Hoffmann confirmou que está sendo articulado um encontro entre os governadores do campo progressista para que ofereçam reforço à mobilização das instâncias partidárias que fazem oposição ao governo Bolsonaro. Na Paraíba, o governador João Azevêdo, do PSB, deverá integrar a mobilização, independente de ter participado da reunião com Bolsonaro, que liberou recursos para o Nordeste. Os porta-vozes do governador socialista justificam que sua presença na reunião com o presidente da República no Recife teve caráter institucional, dentro da filosofia de defender os interesses do povo paraibano.
Nonato Guedes