A jornalista paraibana Rachel Sheherazade celebrou, em rede social, o transcurso, ontem, de oito anos como apresentadora do SBT Brasil, telejornal levado ao ar, à noite, pelo Sistema Brasileiro de Televisão, dirigido por Sílvio Santos e que obtém índices razoáveis de audiência em diferentes praças do país. Rachel atuava na TV Tambaú, afiliada do SBT em João Pessoa, quando um comentário seu, veemente, criticando prévia carnavalesca da capital paraibana, alcançou grande repercussão na internet, com milhares de visualizações. As imagens do comentário de Rachel chegaram ao apresentador Sílvio Santos, que se encontrava em Miami, nos Estados Unidos, de onde ele expediu ordem aos seus auxiliares no Brasil para que contratassem Rachel para atuar nos estúdios do SBT em São Paulo.
Em 30 de maio de 2011, o SBT Brasil era anunciado com um novo formato, contendo mudanças editorais e estéticas. Rachel Sheherazade passou a dividir bancada com Joseval Peixoto, um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, e ganhou liberdade para exprimir opiniões sobre diferentes assuntos polêmicos. Em função disso, colecionou críticas e elogios foi chamada de reacionária e direitista. Seus maiores críticos eram filiados do Partido dos Trabalhadores e liderados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A jornalista tornou-se celebridade, virou capa de revistas como Veja e destaque em outras publicações. Atualmente ela apresenta o telejornal com outro apresentador famoso, Carlos Nascimento, ex-TV Globo, mas sob restrições quanto a comentários acerca de temas polêmicos, por determinação expressa de Sílvio Santos, conhecido pelo estilo de não brigar com donos do poder de plantão.
Sílvio chegou a dizer, numa das cerimônias de premiação de Rachel Sheherazade pelo seu trabalho como âncora no SBT, que ela era paga para ler notícias, não para fazer comentários, com isto sinalizando que não haveria mais tolerância com opiniões fortes como as que a jornalista externava no início da sua trajetória no SBT. Não obstante, Rachel Sheherazade procura compensar a censura do SBT valendo-se de redes sociais como o Twitter e o Facebook para continuar comentando assuntos do dia a dia da conjuntura nacional. Ultimamente tem feito críticas cerradas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e passou a ser fustigada de forma impiedosa pelos bolsonaristas. Mas ela já deixou claro que não está preocupada em agradar quem quer que seja, mas apenas cumprir o seu dever como profissional de imprensa. Ao celebrar os oito anos no SBT, Sheherazade comentou: É uma honra fazer parte desta equipe.
Ela é autora do livro O Brasil tem cura, em que aborda diferentes questões da conjuntura nacional, com dados estatísticos e outros subsídios. Na apresentação do livro, o editor Maurício Zágari, da Mundo Cristão, notou que Rachel Sheherazade, ao ser convidada por Sílvio Santos para ancorar o principal noticiário da emissora, deixou de ser uma figura conhecida apenas do público paraibano para, em pouco tempo, virar celebridade nacional. Ao contrário de muitos colegas de profissão que se restringem a ler o texto reproduzido em um teleprompter, Rachel logo mostrou ter um diferencial que virou sua marca registrada: opiniões fortes, no estilo doa a quem doer, com críticas mordazes e adjetivadas, e uma personalidade marcante. Assim, essa típica representante do jeito Paraíba masculina, muié macho, sim senhor, de ser, para usar a expressão da música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, tornou-se uma daquelas pessoas que polarizam opiniões: ou se ama ou se odeia. Este também é o ponto de vista do historiador Marco Antônio Villa, que definiu o livro O Brasil tem cura como uma reflexão criativa e pessoal sobre a conjuntura complexa que vive o nosso país. E acrescentou Villa: Rachel traça um panorama do Brasil, dos seus dilemas alguns históricos e ao mesmo tempo descreve a sua trajetória como jornalista. Como de hábito, não tem papas na língua, não se esconde, não tem medo. O seu livro é corajoso e propositivo.
Nonato Guedes