O ex-deputado federal e ex-ministro Bruno Araújo (PE) foi eleito, ontem, presidente nacional do PSDB em convenção realizada em Brasília, passando a suceder ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Araújo concorreu em chapa única porque os caciques fundadores da sigla não conseguiram viabilizar um nome competitivo. O principal articulador da sua vitória foi o governador de São Paulo, João Doria, que tem ocupado espaços pregando um novo PSDB e construindo, preliminarmente, sua candidatura a presidente da República em 2022. Bruno disse que o partido tucano será de centro, rejeitando extremos ideológicos de direita e de esquerda, mas no ano passado ele acoplou sua candidatura à de Jair Bolsonaro (PSL), dentro da tática de surfar na onda conservadora que ungiu o presidente da República.
Ontem, logo após sua eleição ao comando do partido, Araújo garantiu que o PSDB terá uma postura de independência em relação ao governo de Bolsonaro e fará oposição quando achar necessário. Defendeu que o partido feche questão a favor da reforma da Previdência e disse que vai trabalhar para tirar do PSDB a característica de não ter posicionamento claro sobre os principais temas do país, como por exemplo o decreto sobre porte de armas. No seu discurso de despedida, Geraldo Alckmin criticou duramente o governo de Bolsonaro, cobrando a agenda de competitividade por parte do governo. Vamos ter coragem de criticar, de pôr o dedo na ferida, salientou Alckmin, solidarizando-se com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Democratas, presente na convenção, diante de ataques feitos a ele por oportunistas políticos, na definição do ex-governador paulista. Alckmin arrancou aplausos quando enfatizou: Não temos duas verdades a extrema direita e a extrema esquerda. Temos duas grandes mentiras: o petismo e o bolsonarismo.
O deputado federal paraibano Pedro Cunha Lima, presidente do Instituto Teotônio Vilela e novo dirigente estadual do PSDB, advertiu que o partido tem um papel a cumprir na renovação dos métodos políticos vigentes no país. Em tom inflamado, Pedro Cunha Lima frisou: Não somos o que está sendo pautado pela política de agora. Somos diferentes, compartilhamos uma visão de mundo humanitária, que busca o avanço da civilidade, com empatia a causas que merecem a nossa luta. Em Pernambuco, Bruno Araújo é conhecido como um político tradicional, pragmático e habilidoso nos bastidores. No ano passado, chegou a elogiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificando o petista, cuja popularidade é alta no Nordeste, como presidente excepcional. Em 2015, ganhou os holofotes nacionais ao proferir ovoto que sacramentou, na Câmara, a admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Araújo é advogado e filho do ex-deputado estadual Eduardo Araújo. Em 1998, aos 26 anos, foi eleito pelo PSDB o deputado estadual mais jovem de Pernambuco.
Representantes do DEM, MDB, PP, PL e PRB participaram da convenção do PDS, que teve dimensão mais modesta que as anteriores. Bruno Araújo deixou claro, entretanto, que é muito cedo para se falar em refazer a aliança para as eleições de 2022. Na convenção realizada no mesmo centro de eventos onde Alckmin lançou sua candidatura à Presidência no ano passado a tensão entre a velha guarda tucana e aliados de Doria ficou patente por meio de discursos e até de uma briga. Dois expoentes da Juventude do PSDB, um ligado ao governador de São Paulo e outro ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, trocaram agressões físicas. O ex-governador Geraldo Alckmin revelou que considera Bruno Araújo um bom quadro, preparado e animado para fazer um bom trabalho.
Nonato Guedes, com Folhapress