Dirigentes do Partido dos Trabalhadores na Paraíba, como o presidente do diretório estadual Jackson Macedo e aliados do PT como deputados estaduais socialistas, a exemplo de Jeová Campos, reprovaram a atitude do deputado Walber Virgolino, do Patriota, que acionou a Mesa da Assembleia Legislativa para revogar o título de Cidadão Paraibano concedido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 por iniciativa do então deputado tucano Zenóbio Toscano, atual prefeito de Guarabira, e entregue durante visita informal de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff às obras de transposição das águas do rio São Francisco em território paraibano, em 2017. Virgolino, aludindo ao fato de que Lula cumpre pena de prisão em Curitiba, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, declarou que não deseja ser conterrâneo de um criminoso.
Os petistas e socialistas advertem que, além de ter carreado benefícios de vulto para a Paraíba no período em que exerceu a presidência da República, Lula estaria próximo de comprovar sua inocência diante das acusações que lhe são formuladas. Mencionam, como exemplo, a decisão de uma das instâncias do Judiciário favorável à progressão de sentença atribuída ao ex-presidente da República, o que lhe possibilita passar ao regime semi-aberto. Jeová Campos salienta ter convicção, também, de que o ex-presidente conseguirá o que mais deseja, além da liberdade: o atestado de inocência diante das acusações que lhe foram feitas e que embasaram a ordem de prisão expedida na época pelo juiz Sérgio Moro, executor da Operação Lava-Jato, atualmente ministro da Justiça do governo do presidente Jair Bolsonaro, do PSL.
Walber Virgolino, aliás, propõe que sejam conferidas honrarias pela Assembleia Legislativa da Paraíba ao vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, do PRB, e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, invocando como justificativas as ações que ambos estariam empreendendo em favor do país e, consequentemente, atendendo aos anseios da população paraibana. Além do título de Cidadania a Lula proposto pelo deputado Zenóbio Toscano houve a propositura de uma homenagem à ex-presidente Dilma Rousseff, também do PT, com o recebimento da Medalha Epitácio Pessoa, a mais alta condecoração da ALPB. Quando se encontrava no exercício do governo, o socialista Ricardo Coutinho fez questão de convidar Lula e Dilma para virem assistir à chegada das águas do rio São Francisco em municípios do cariri paraibano. Isto ocorreu poucos dias após a vinda do presidente Michel Temer (MDB), em caráter oficial, para declarar inaugurada a transposição de águas nos trechos correspondentes à Paraíba.
Temer havia assumido o governo com o impeachment de Dilma Rousseff, decretado pela Câmara dos Deputados, mas o então governador Ricardo Coutinho, que chegou a ser recebido em audiência pelo emedebista no Palácio do Planalto, assumiu abertamente a defesa de Lula diante das primeiras acusações graves que passaram a ser feitas após sua saída do cargo. Do mesmo modo, Ricardo Coutinho se indispôs com parlamentares favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, alegando não haver justificativa para tanto e ignorando como legítimo o pretexto de que ela teria cometido pedaladas fiscais conforme auditoria do Tribunal de Contas da União. Ricardo chegou a levar Dilma para uma audiência pública no Espaço Cultural em João Pessoa, onde ela teve oportunidade de se defender das acusações feitas, em pleno processo de impeachment; Entre a maioria dos deputados que compõem a atual legislatura, a impressão dominante é de que será inglória a tentativa de Walber Virgolino de revogar a concessão da Cidadania Paraibana ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Virgolino foi secretário de Administração Penitenciária da Paraíba e do Rio Grande do Norte, está no primeiro mandato como deputado estadual e já é cogitado para ser candidato a prefeito de João Pessoa, não pelo Patriota, do qual se desfiliaria, mas pelo MDB, que o estaria sondando sobre a hipótese de ingressar na legenda e assumir o desafio da candidatura.
Nonato Guedes