A CCJ da Assembleia Legislativa tenciona fazer um pente-fino nas propostas de concessão de honrarias a personalidades e esta é uma medida louvável, profilática até, diante de excessos ridículos que têm sido cometidos. Mas há um ponto de consenso sobre a justeza da aprovação, por unanimidade, pela Comissão de Constituição e Justiça, da Medalha Presidente Epitácio Pessoa, a maior honraria da Casa, ao deputado Adriano Galdino, do PSB, que preside pela segunda vez o Poder Legislativo e que se constitui em revelação política como articulador competente e como dirigente equilibrado, democrático, que atua de forma colegiada, não impositiva.
Em sua coluna hoje no Correio da Paraíba, a jornalista Lena Guimarães atesta o caráter de justeza da homenagem a Adriano Galdino. Menciona que embora há 23 anos na política, Adriano, ao chegar à Assembleia em 2011 era muito conhecido em Pocinhos, cidade onde fez carreira, mas não no Estado. Foi convocado para o Executivo, como tática para facilitar a ascensão de suplentes de deputados, e ocupou as secretarias de Interiorização e Casa Civil, mas sempre longe dos holofotes. Diante desse currículo, a colunista relembra que foi uma surpresa o lançamento do nome de Galdino para presidir a Casa de Epitácio Pessoa em 2015. Ele enfrentou um outro parlamentar que se tornou habilidoso e articulado Ricardo Marcelo, que é de cidade pequena também, e tentava a reeleição. A disputa foi acirrada, mas Adriano venceu por 19 a 17 sufrágios.
Ricardo Marcelo, diga-se, tornou-se inimigo número um do então governador Ricardo Coutinho por adotar postura de independência e até mesmo crítica à administração estadual, embora com o cuidado de não prejudicar matérias de interesse público. Um dos confrontos desgastantes que ele travou com o governador teve como pano de fundo a comitiva da Seca, formada por deputados que se deslocaram a cidades do semiárido paraibano para constatar os efeitos danosos provocados pelo fenômeno cíclico que castiga a região Nordeste. A Comunicação do governo, orientada por Ricardo Coutinho, tentou desqualificar os méritos do trabalho da comitiva, cujo trabalho resultou em alentado relatório encaminhado a autoridades federais com propostas e soluções. Insinuou-se, dentro do governo, que os deputados haviam ido ao interior para participar de uma farra e houve tentativas de fotografá-los em supostos convescotes. Uma atitude radical e inócua. Mas o tempo de Ricardo Marcelo havia passado no comando da ALPB e foi assim que Galdino, de forma competente, ocupou seu espaço.
Recorda, ainda, Lena Guimarães, que o deputado socialista foi decisivo para o arquivamento da CPI do Empreender, que foi encarada como represália ao governo Ricardo Coutinho, em 2015. Instalada, a CPI poderia ter dado uma dimensão maior a denúncias de uso da máquina política na reeleição de Coutinho e o caso ainda aguarda julgamento na esfera do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. A presidência de Galdino pontua Lena foi extremamente positiva para o governo, mas ele manteve diálogo com todos, o que lhe garantiu, há quatro meses, confiança para ser eleito para dois mandatos consecutivos na presidência, com o apoio da bancada de oposição e contrariando as articulações do ex-governador Ricardo Coutinho, que desejava um período para Hervázio Bezerra, seu líder durante um período razoável na Assembleia da Paraíba. O jeito de ser de Adriano foi considerado determinante para as vitórias alcançadas, que se constituíram em proezas na história da crônica política paraibana. Todos os parlamentares fazem menção à sua propensão para o diálogo e também chamam a atenção para a correção de atitude. Não tenta tratorar os opositores, na definição da colunista do Correio da Paraíba. Não impõe, defende seus pontos de vista.
São características com as quais a opinião pública paraibana vai se familiarizando naturalmente e avaliando como decisivas para o equilíbrio na relação institucional entre os Poderes num Estado que já perdeu tempo demais em picuinhas políticas, opondo cordões de situação e oposição em detrimento da unidade para o equacionamento do nosso vasto contencioso. Adriano Galdino narra com orgulho suas origens pobres e sua história de superação foi vendedor de confeitos para ajudar a mãe e alimentar os irmãos, formou-se em Engenharia Civil e Direito, foi vereador três vezes, prefeito de Pocinhos e está no terceiro mandato de deputado estadual. É um vitorioso, não há dúvida. E para quem duvidou do prognóstico que fiz nesta coluna de que ainda vai acabar sendo candidato a governador, com chances, está de pé o vaticínio. Se isto estiver no seu horóscopo, é prego batido, ponta virada.
Nonato Guedes