O deputado federal Gervásio Maia e o senador Veneziano Vital do Rêgo, ambos do PSB, estão afinados na oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), alternando-se nas tribunas da Câmara e do Senado em críticas a medidas tomadas pelo mandatário. Gervásio adota um tom mais veemente ainda ontem, ao comentar o caso envolvendo suposta interferência do ministro Sérgio Moro, da Justiça, na Operação Lava-Jato, foi categórico ao cobrar a exoneração dele sob o pretexto de que falta a Moro isenção para continuar na Pasta. Gervásio identificou no ministro um dos mentores do que chama de orquestração para destruir a liderança política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba.
– Ou ele pede exoneração ou é exonerado. As provas são muito consistentes quanto à ação nada republicana do ministro expressou Gervásio, numa alusão a revelações feitas pelo site The Incerpt Brasil sobre prováveis conversas de Moro com o Procurador DeltanDallagnol, da Lava-Jato, acerca de estratégia que teria por finalidade prejudicar o ex-presidente Lula da Silva. Gervásio, que foi presidente da Assembleia Legislativa e chegou a ser cogitado como alternativa para disputar o governo do Estado em 2018 pelo PSB, age de forma sincronizada com o ex-governador Ricardo Coutinho, presidente nacional da Fundação João Mangabeira, órgão de estudos do Partido Socialista, que, ontem, nas redes sociais, repudiou o comportamento do ministro Sérgio Moro e insinuou que ele não tem condições éticas e morais para permanecer no cargo.
Veneziano, num tom mais moderado do que o de Gervásio, tem estado na linha de frente da oposição a Bolsonaro na bancada paraibana no Senado, onde o senador José Maranhão (MDB) tem posição de apoio ao governo e a senadora Daniella Ribeiro, do PP, evita ataques ao Planalto, com quem seu irmão, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, ligado ao Centrão, tem canais privilegiados de interlocução. O bloco parlamentar anti-Bolsonaro da Paraíba é reforçado pelo deputado federal Anastácio Ribeiro, do Partido dos Trabalhadores, que substitui ao ex-deputado Luiz Couto na Câmara e que é crítico contumaz das ações do atual governo. O deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, filho do ex-senador Cássio Cunha Lima, age de forma independente, fazendo críticas pontuais ao governo em questões polêmicas como a da Educação, mas apoiando medidas que considera como de interesse público. Pedro se contrapôs ao governo na questão do corte de recursos para as Universidades, advertindo para o risco de perda da produtividade das instituições e, até mesmo, para o perigo de um colapso no ensino.
O deputado federal Efraim Filho, do Democratas, embora seja da base de sustentação política do governador João Azevêdo (PSB), em cuja gestão seu pai, o ex-senador Efraim Morais, ocupa uma secretaria, tem tido posição de colaboração com o governo Bolsonaro, guiando-se, em algumas ocasiões, por atitudes do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é do DEM-RJ. Outro que evita radicalizar contra Bolsonaro é o deputado federal Damião Feliciano, do PDT, marido da vice-governadora Lígia Feliciano, que foi reconduzida na gestão de João Azevêdo. Damião e Efraim procuram compensar-se lutando para carrear investimentos e obras para o Estado. O deputado do Democratas, inclusive, ciceroneou ministros como o da Saúde, em visita à Paraíba, e foi por ele atendido em reivindicações com vistas a beneficiar unidades hospitalares do Estado.
Nonato Guedes