O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB) não conta com voto fechado na bancada federal sobre o projeto de reforma da Previdência encaminhado pelo Planalto e por isso vai ter que redobrar conversas com interlocutores variados para expor os pontos que lhe interessam e os que lhe desagradam, segundo revelou, ontem, uma fonte palaciana. Listados como fiéis à orientação do governador estão apenas os deputados Damião Feliciano (PDT), marido da vice-governadora Lígia Feliciano, que, inclusive, representou Azevêdo na reunião do Fórum de Governadores sobre a reforma esta semana, e Gervásio Maia, do PSB. Este é radicalmente contrário ao projeto do Planalto e, ainda ontem, reafirmou que não abrirá mão da defesa dos interesses de trabalhadores, evitando que sejam penalizados na reforma.
O chefe do Executivo paraibano poderá contar, ainda, como aliado, com o deputado Frei Anastácio Ribeiro, do Partido dos Trabalhadores, mas ele também tem radicalizado no posicionamento contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e, por via de consequência, contra matérias originárias do Planalto. Ainda ontem, o parlamentar petista engrossou o coro dos políticos que pedem o afastamento do ministro da Justiça, Sérgio Moro, diante do vazamento de conversas entre ele e procuradores da Operação Lava-Jato sobre os rumos da cruzada que provocou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para líderes políticos na Paraíba, o comportamento da bancada federal paraibana na votação da reforma da Previdência será um teste para o governador João Azevêdo saber com quem conta, efetivamente, a partir da avaliação sobre a coincidência ou não de votos dos parlamentares com posições públicas externadas pelo gestor. Há mais aliados do socialista dispersos por outras legendas, como o deputado Efraim Filho, do Democratas, e o deputado Wilson Santiago, do PTB. Mas eles são considerados autônomos em termos de obediência política a Azevêdo, sendo mais afinados com as orientações das respectivas cúpulas partidárias nacionais. Ontem, o relator da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, Samuel Moreira, do PSDB-SP, concluiu a leitura de seu relatório, que foi tido como enxuto.
A perspectiva de Moreira, agora, segundo a Folhapress, é a de buscar entendimento com os parlamentares a respeito da reinclusão de Estados e municípios no texto da Proposta de Emenda à Constituição 6/2019. O dispositivo foi retirado do texto apesar do apoio de governadores para que as regras de aposentadoria de servidores estaduais e municipais fossem mantidas. A grande questão nossa agora é continuar o trabalho para verificar como Estados e municípios vão ser introduzidos nessa reforma, confirmou Samuel Moreira. O parlamentar espera reunir o apoio necessário para que o dispositivo volte ao texto da PEC, o que pode ocorrer através de um voto complementar ao relatório apresentado ontem. Estados podem ser incluídos a qualquer momento. Eles podem ser incluídos ainda na comissão, por um voto complementar, ou podem ser incluídos também no plenário. O processo de negociação está sendo liderado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Do DEM-RJ.
Nonato Guedes