A deputada estadual Cida Ramos, do PSB, rebateu, com veemência, as críticas por ter usado um carro da Assembleia Legislativa para bloquear o trânsito em uma rua do centro de João Pessoa, na sexta-feira, por ocasião da manifestação de protesto contra a reforma da Previdência e os cortes no orçamento para a Educação efetuados no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A manifestação incorporou, também, slogans por Lula Livre, pedindo a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O gabinete da deputada socialista divulgou uma nota a propósito das insinuações de que estaria usando dinheiro público que custeia os veículos de parlamentares para atrapalhar o direito de ir e vir dos cidadãos. O uso do carro seria questionável se estivesse saindo de um motel, não? Criam factoides por falta de não terem o que dizer contra a greve, reagiu a deputada, acrescentando: Tristes tempos em que, diante de uma pauta tão justa, se foca em uma deputada e um carro. Eles não passarão, eu passarinho, como diz o poeta. Cida contestou, também, as versões de que o protesto foi esvaziado por ausência de maior participação popular. Avalia que os setores representativos da população, inconformados com o governo do presidente Jair Bolsonaro, marcaram presença ativa nos protestos.
Além da deputada socialista, outro parlamentar, filiado ao Partido dos Trabalhadores, foi alvo de críticas e também rebateu de bate-pronto o deputado federal Frei Anastácio Ribeiro. Ele participou de uma das manifestações de rua e chegou a discursar contra o governo de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que engrossou o coro pela soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À certa altura, uma viatura da Polícia Militar do Estado invadiu a manifestação, o que levou Anastácio a protestar com veemência, pedindo a retirada dos policiais, sob o argumento de que aqui não tem cachorro, aqui tem pessoas de bem, trabalhadores que são penalizados em seus direitos e suas conquistas pelo governo de Bolsonaro. O parlamentar petista paraibano já havia se manifestado esta semana, da tribuna da Câmara, em solidariedade aos trabalhadores que, a seu ver, serão os grandes sacrificados com o projeto de reforma da Previdência em discussão naquela Casa.
O comportamento da deputada Cida Ramos foi reprovado pelo deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB paraibano. Este não é o momento de fazer política a qualquer custo, ainda mais com o dinheiro do povo. Não é hora de fazer palanque político e sim de discutir o Brasil, o cenário que aponta para treze milhões de desempregados e uma economia quebrada. A prioridade do esforço da classe política deve ser focada em medidas imperiosas para consertar o País, expressou o deputado tucano, filho do ex-senador Cássio Cunha Lima. Pedro tem se manifestado contra aspectos da proposta de reforma da Previdência, mas entende que a Câmara e o Senado são as esferas apropriadas para uma ampla discussão, que pode envolver a participação de representantes de entidades classistas. Ele disse que a maioria dos parlamentares, independente de coloração partidária, está atenta às nuances da proposta da nova Previdência e se dispõe a assumir compromissos com os interesses da sociedade.
Nonato Guedes