Deputados da oposição e da bancada governista ficaram impressionados com a habilidade política do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (PSB), que, segundo eles, foi decisiva para salvar a relação institucional entre os Poderes Executivo e Legislativo, aparentemente arranhada como consequência, ainda, da eleição consecutiva de Adriano para a direção da ALPB por dois biênios, preterindo-se, em um deles, a pretensão do deputado Hervázio Bezerra, ex-líder do governo Ricardo Coutinho, que chegou a se articular para ser eleito ao segundo biênio, no começo de 2019. Galdino costurou com perícia surpreendente o entendimento que levou o governo João Azevêdo a fazer concessões no aumento do duodécimo repassado aos Poderes institucionais da Paraíba, incluindo ainda o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público. O próprio governador Azevêdo deu declarações qualificando o consenso como vitória do diálogo.
Uma fonte bastante próxima do governador João Azevêdo confessou, em off, que o estilo conciliador do atual presidente da Casa de Epitácio Pessoa distensionou relações, jogou por terra ensaios de intrigas produzidas nos bastidores e possibilitou o atendimento de uma aspiração intensamente desejada entre os deputados estaduais. Essa fonte acredita que Adriano Galdino carimbou o passaporte para se credenciar, definitivamente, à confiança do núcleo governista-socialista, por ter demonstrado autoridade, paciência e abertura franca ao entendimento. O jeito transparente de Adriano de conduzir questões delicadas que, não raro, descambam para conflitos ou polêmicas suscetíveis de gerar sequelas, é enaltecido como um dos trunfos dele para obter êxito em empreitadas teoricamente difíceis ou até mesmo tidas como impossíveis.
Colegas que têm um relacionamento mais estreito com o deputado Adriano Galdino salientam que ele, desde a primeira vez em que ocupou a presidência da Assembleia, no governo de Ricardo Coutinho e sucedendo a Ricardo Marcelo, que entrou em rota de colisão com o Executivo em várias ocasiões, desenvolveu uma técnica muito própria de administrar o Poder Legislativo, harmonizando o papel de dirigente da instituição com o de árbitro de conflitos de interesses. Assim sendo, sem prejudicar a autonomia da ALPB, prerrogativa que é sagrada para os parlamentares, o deputado Adriano Galdino logrou abrir espaço para a co-gestão com o governador João Azevêdo, dando pronta demanda a matérias de interesse do governo encaminhadas à Assembleia Legislativa. Ao mesmo tempo, contribuiu para desaquecer ânimos que pareciam propensos à radicalização, em um dos momentos críticos da administração estadual, quando deputados oposicionistas mobilizaram-se para criar uma CPI visando a apurar desdobramentos da Operação Calvário, que detectou irregularidades na gestão da Saúde Pública por parte da Cruz Vermelha, empresa que havia sido contratada em regime de terceirização pelo governo de Ricardo.
A tática de Galdino para esvaziar uma CPI específica sobre um tema tão explosivo consistiu em conscientizar os oposicionistas mais radicais de que os fatos já estão sendo apurados pelo Ministério Público, Gaeco ou outros órgãos com poder de investigação, e que uma eventual intervenção da Assembleia no processo, ao invés de colaborar, poderia atrapalhar o andamento da apuração isenta das denúncias formuladas. Com atitudes assim, ele desmontou focos de confrontação da Assembleia com o governo do Estado, sem arranhar o princípio da autonomia da ALPB. As atitudes firmes de Adriano, no encaminhamento da pauta de matérias de interesse do governo Azevêdo e na desativação de minas explosivas que poderiam resvalar na gestão de Ricardo Coutinho, possibilitaram um final feliz na conjuntura, até hoje, tirando da Praça dos Três Poderes a condição de foco de crise institucional e este foi, segundo o consenso nos bastidores, o teste de fogo que elevou o cacife de Galdino e tornou-o interlocutor confiável em atmosferas de tensão porventura existentes.
O deputado Raniery Paulino, um dos mais ostensivos na crítica ao governo socialista, não poupou o presidente Adriano Galdino de elogios pelo comportamento, segundo ele exemplar, demonstrado na condução das grandes causas de interesse da Paraíba. Frisou que o respeito à oposição tem sido ponto de honra para o dirigente da Assembleia Legislativa e que não há cerceamento de sua parte nem qualquer sinal de autoritarismo muito pelo contrário, Galdino consolidou a marca registrada de homem do diálogo, da transigência, o que é tido como fundamental numa fase em que ainda há sequelas remanescentes da disputa eleitoral do ano passado. Ele ganhou a admiração palaciana, resume, por sua vez, a fonte ligada ao governador João Azevêdo.
Nonato Guedes