O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que já passou a admitir a hipótese de concorrer à reeleição, depois de apregoar que não lutaria pela continuidade no Planalto, voltou a confirmar sua vinda em breve à Paraíba, de acordo com versões do colunista Edinho Magalhães, do Correio da Paraíba, baseado em Brasília. Em maio, durante cerimônia a que compareceu no Planalto a deputada federal paraibana Edna Henrique, do PSDB, o presidente havia dito que estava planejando sua presença no Estado onde obteve votação expressiva. Agora, em audiência com a diretora da Fesp Faculdades, Jeanbelle Barbosa, no fim de semana, Bolsonaro reiterou a intenção de visita.
Num vídeo, o presidente avisou de sua ida e mandou abraço ao prefeito Romero Rodrigues, do PSD, que tem interlocução direta com o seu governo e que tem sido prestigiado no carreamento de recursos, obras e investimentos para a cidade Rainha da Borborema. Bolsonaro já fez visitas a Estados do Nordeste, como Pernambuco, tendo comandado no Recife uma reunião com governadores desta região. Quando se investiu no cargo, delineou uma estratégia com sua equipe para minar a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os votos do Partido dos Trabalhadores nesta região beneficiada pela transposição de águas do rio São Francisco na Era petista. Além do mais, Lula tem origens no sertão de Pernambuco, de onde migrou para São Paulo em busca da sobrevivência.
A visita de Bolsonaro tem sido cobrada e é aguardada com grande expectativa por aliados políticos nordestinos de diferentes partidos que combatem o PT e que começam a trabalhar com a perspectiva de lançamento de candidaturas às eleições municipais e, posteriormente, a governos estaduais e mandatos na Câmara Federal e no Senado. Em paralelo com a presença física de Bolsonaro, dado o prestígio que ainda detém junto a camadas da população, os aliados têm pressionado o governo federal a investir na região Nordeste de forma avassaladora para tentar apagar resquícios da influência dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O colunista Leandro Mazzini (Esplanada) informa que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, comandada pelo PSL e com maioria de deputados aliados do Planalto, não tem a menor pressa em analisar a Proposta de Emenda Constitucional 376 que acaba com o instituto da reeleição.
O projeto que extingue a reeleição é do ex-deputado Ernandes Amorim, do PTB-RO e tramita na Comissão de Constituição e Justiça há exatos dez anos, com parecer favorável do relator Valtenir Pereira, do MDB-MT. No relatório apresentado há duas semanas, Valtenir apontou: O fim da possibilidade da reeleição para cargos do Executivo viria a contribuir para a lisura dos pleitos eleitorais e para o aperfeiçoamento do regime democrático, eliminando a desigualdade entre os candidatos e a perpetuação das oligarquias no poder. Não há data prevista para a votação do parecer no colegiado. Aliados de Bolsonaro dizem que ele tem seus motivos para cogitar a reeleição. É que Ciro Gomes, do PDT, e João Dória, do PSDB, já estão em campanha ostensiva ao Palácio do Planalto.
Nonato Guedes