A primeira audiência de instrução e julgamento de um processo da Operação Xeque-Mate, realizada ontem no Fórum da Comarca de Cabedelo, durou quase dez horas e não conseguiu tomar depoimentos de nove réus presos na primeira fase da investigação, deflagrada em abril do ano passado, ficando adiada a continuidade dos interrogatórios para segunda-feira, às 8h30. De cinquenta testemunhas designadas, seis apresentadas pelo Ministério Público e quarenta e quatro testemunhas de defesa, 26 foram dispensadas. O ex-prefeito Wellington Viana França, Leto, figura no rol dos que ficaram para a próxima rodada de esclarecimentos.
O julgamento de ontem foi presidido pelo juiz Henrique Jorge Jácome de Figueiredo, titular da Primeira Vara da comarca da cidade portuária. Os nomes das testemunhas que prestaram depoimento não haviam sido divulgados até o final da noite de ontem. Os envolvidos que estão respondendo a processo em liberdade serão ouvidos em outra audiência, ainda a ser designada pelo juiz, tendo em vista que houve um desmembramento para melhor condução da instrução. Na audiência de segunda-feira, serão ouvidos, inicialmente, os réus colaboradores e depois os réus que serão interrogados, a exemplo de Leto Viana.
Antes de ser iniciada a audiência, ontem, o réu Antônio do Vale teve que ser atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por apresentar problema de pressão arterial. Além desse processo, mais cinco denúncias foram encaminhadas ao juiz Henrique Jorge referentes ao esquema de corrupção na prefeitura e na Câmara Municipal de Cabedelo. Depois desta fase de oitivas de testemunhas e interrogatórios de envolvidos, estará aberto o prazo para alegações finais e, na sequência, para pronúncia de sentença. O julgamento agitou a cidade de Cabedelo, que tem vivido sob impacto desde o estouro do escândalo envolvendo organização criminosa, que comprou o mandato do ex-prefeito José de Lucena Filho, Luceninha. A Operação Xeque-Mate, com monitoramento do Gaeco e Ministério Público, alcançou, também, o empresário Roberto Santiago, proprietário do Manaíra Shopping, que está preso em João Pessoa e que ontem teve negado mais um pedido a tribunais superiores em Brasília para obtenção de habeas-corpus que lhe permitisse responder em liberdade.
Nonato Guedes