A jornalista paraibana Rachel Sheherazade mantém-se incólume como apresentadora do telejornal SBT Brasil junto com Carlos Nascimento, no período da noite, na emissora do empresário e comunicador Sílvio Santos, indiferente aos rumores sobre sua possível saída devido à pressão do empresário Luciano Hang, da Havan, incomodado com opiniões desfavoráveis ao governo do presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo, emitidas por Sheherazade. Em paralelo, empresas de comunicação têm promovido uma onda de demissões de jornalistas, coincidentemente ou não críticos do governo Bolsonaro, como se deu com Paulo Henrique Amorim e Marco Antônio Villa. Hang chegou a pedir publicamente a Sílvio Santos a cabeça de Sheherazade, considerando impatriótico o gênero de jornalismo que ela pratica diante das críticas ao governo Bolsonaro.
Rachel, que começou a trajetória profissional em João Pessoa, na TV Tambaú, afiliada do SBT, foi levada para atuar na sede da empresa em São Paulo por gestão direta do próprio Sílvio Santos, que se se disse encantado com um comentário feito por ela na afiliada paraibana, tecendo duras críticas às prévias carnavalescas então reinantes em João Pessoa. O tom incisivo do comentário de Sheherazade, naquela oportunidade, alcançou imediata repercussão, viralizando na internet, e chegou ao conhecimento de Sílvio quando este se encontrava de férias, nos Estados Unidos. SS não teve dúvidas e determinou, de pronto, a seus subordinados em São Paulo, que entrassem em contato com Rachel e a contratassem.
Nos primeiros meses, ao desembarcar em São Paulo e ser admitida como âncora de telejornalismo no SBT, Rachel Sheherazade gozou de liberdade para tecer comentários, em especial na área política. Ela bateu forte no Partido dos Trabalhadores, indispondo-se com a massa de eleitores radicais do PT e passou a ser a queridinha de setores conservadores e até mesmo assumidamente de direita. Sofreu pressões e sucessivas indiretas do patrão Sílvio Santos, que sempre a advertiu, inclusive, de público, de que não a contratara para comentar temas políticos e polêmicos, mas, sim, para noticiar os fatos. Aos poucos, Rachel foi sendo proibida mesmo de fazer o papel de comentarista, limitando-se a atuar como âncora em parceria com outro apresentador. Firmou seu nome na mídia nacional, chegando a ser capa de revistas de repercussão.
Diante das restrições enfrentadas a comentários especialmente sobre temas políticos em noticiosos do SBT e da rádio Jovem Pan, Rachel Sheherazade passou a apresentar podcasts em redes sociais de alcance como o youtube, onde externa, livremente, sua opinião sobre as questões candentes da atualidade. Ultimamente caiu em desgraça perante o círculo vinculado ao presidente Jair Bolsonaro, que passou a fustigá-la com veemência. Rachel de atitudes de insensatez do núcleo do governo de Bolsonaro e falou em traição a compromissos populares. Quando pipocaram insinuações pedindo sua cabeça no SBT teve a solidariedade de figuras de repercussão, mas poucas do segmento de esquerda, que não digere a postura radical assumida por ela contra os governos petistas. A cúpula do SBT continua acenando com reformulações no telejornalismo, mas Sheherazade está mantida até hoje.
Nonato Guedes