O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), informou, ontem, que tem conciliado sua agenda de trabalho no Estado com a participação nas discussões que estão sendo travadas entre todos os governadores acerca do projeto de reforma da Previdência Social. Salientou que a bancada que lhe é próxima pode evoluir para apoiar o projeto de reforma desde que sejam garantidas compensações para os Estados por parte do governo federal e aludiu, em especial, à situação da região Nordeste, que ao longo dos anos tem sido sacrificada em detrimento de vantagens de Estados do Sul e Centro-Sul do país.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer, ontem, que defende o ingresso de Estados e municípios na reforma da Previdência para que eles não usem recursos futuros oriundos do pré-sal para a quitação de débitos. A apresentação do novo formato da reforma da Previdência, prevista para ontem, foi adiada para a próxima terça-feira durante sessão da comissão especial da Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, que procurou tranquilizar a Bolsa e os investidores cautelosos diante da incógnita sobre o texto final diz ser possível votar o projeto antes do recesso parlamentar, ou seja, até 17 de julho.
Paulo Guedes reuniu-se com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e com o líder do governo na Casa, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), dentro da estratégia de baixar a temperatura da relação entre Executivo e Legislativo. O ministro chegou a elogiar a articulação do Congresso para angariar votos a favor da reforma em troca da inclusão das unidades da Federação no texto do relator. Haverá conversas com governadores durante este fim de semana e um encontro oficial já está programado para terça-feira, tendo em vista que o encontro de anteontem não prosperou. Governadores e prefeitos têm feito lobby para inclusão na reforma, mas não conseguem entregar votos por causa do desgaste político, consequência do apoio a uma medida tida como impopular.
Declarou o senador Davi Alcolumbre: Todos nós sabemos que existem as disputas regionais dee grupos nos Estados. Mas os governadores têm ascendência sobre alguns parlamentares que precisam apoiar a reforma, já que estamos fazendo novamente um esforço para inserir Estados e municípios na reforma da Previdência. O presidente do Senado afirmou que o governo está dirigindo aceno aos governadores com o avanço nas negociações em torno de um novo pacto federativo e com medidas como a distribuição dos recursos da cessão onerosa e do bônus de assinatura do fundo social da exploração do pré-sal. Davi não escondeu sua irritação ao ser questionado sobre condicionantes colocadas pelos governadores para uma mobilização a favor da reforma. A gente precisa fazer gestos para os governadores e o governo está fazendo gestos, reagiu.
O ministro Paulo Guedes endossou as observações de Alcolumbre, frisando: Estamos todos muito construtivos. Confio nessa capacidade de articulação política, no papel decisivo tanto da Câmara quanto do Senado. Apurou-se em Brasília que a relação entre Paulo Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já não é a mesma, principalmente após o ministro atacar os parlamentares um dia depois de o deputado Samuel Moreira, do PSDB-SP, apresentar a primeira versão do relatório, no qual fez concessões para atender pedidos de partidos políticos e tentar conseguir apoio para aprovação do texto. Guedes mudou o tom, ontem, e disse que cada um tem seu papel, sendo que o dele é o de encaminhar uma proposta com impacto de R$ 1,2 trilhão. Destacou ter achado apreciáveis as alterações feitas pelo relator em relação ao BPC e aposentadoria rural, mas fez ressalvas em outros pontos.
Nonato Guedes, com Folhapress