O advogado e ex-vice-prefeito de Campina Grande Ronaldo Cunha Lima Filho (Ronaldinho), valeu-se de rede social para informar que, 17 anos depois, foi desmoralizada a farsa provocada pelas insinuações do doleiro Alexandre Magero de Araújo contra políticos como o ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) envolvendo denúncia de suposta lavagem de dinheiro ilícito. O depoimento de Magero foi seguido de abertura de inquérito pela Polícia Federal, cuja investigação confirmou que Magero inventou histórias com o propósito de chantagear políticos (além de Cássio, foram citados o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e o ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati). 17 anos depois, Mageiro teve a condenação pelo crime de denunciação caluniosa confirmada em segundo grau pela Quinta Turma do Tribunal Regional Federal, com jurisdição a partir do Recife. A nova decisão fixou pena de três anos, dez meses e vinte e dias, acrescida de multa, por chantagem e tentativa de extorsão.
– Na época, a armação me causou um dano terrível desabafou o ex-senador Cássio Cunha Lima, lamentando a exploração que foi feita na mídia nacional em torno das acusações de Magero sem maior apuração ou direito de defesa aos políticos citados. Já Ronaldinho Cunha Lima indaga: Quem repara o dano sofrido? E quem estava por trás dessa criminosa armação?. O caso foi objeto de capa da revista Istoé, na edição 1730, de 27 de novembro de 2002, com repercussão em todo o Brasil. Na capa, a imagem de um varal com notas de dólares, presas por pegadores, junto com fotos de políticos emergentes, tais como o ex-governador Cássio Cunha Lima e a ex-governadora do Rio Grande do Norte, Wilma Maia, além do deputado Inocêncio Oliveira, de Pernambuco.
Sob o título Lavanderia Nordeste, a revista dizia que um ex-funcionário de casa de câmbio havia revelado, na Procuradoria da República, como políticos e empresários mandavam dinheiro sujo para fora do Brasil, como lembra a colunista política Lena Guimarães, do Correio da Paraíba. Dois anos depois, a mesma revista publicou outra matéria, intitulada Usina de Dossiês, revelando que o denunciante nada mais era que um chantagista até que 17 anos depois a Justiça condena Alexandre Magero de Araújo por extorsão e calúnia. Cássio Cunha Lima tinha 39 anos de idade e obtivera projeção nacional por ter sido superintendente da Sudene no governo do presidente Itamar Franco, que assumiu em 92 com o impeachment de Fernando Collor de Mello. Além do mais, Cássio se projetara pela sua atuação como o mais jovem constituinte na Assembleia Nacional que legou uma nova Carta ao País, datada de 1988 e denominada de Constituição-Cidadã pelo falecido deputado Ulysses Guimarães.
Como o próprio Cássio Cunha Lima reconhece, houve profundo desgaste na sua imagem, tendo em vista que os seus adversários políticos na Paraíba exploraram o caso de forma intensa, inclusive, questionando onde estaria o dinheiro que o ex-governador teria supostamente desviado. Cunha Lima sempre sustentou sua inocência, mas somente quando Magero admitiu que estava fazendo chantagem, livrou-se do estigma. Pelo que foi apurado e confirmado pela Polícia Federal em investigação, Magero tentou receber dinheiro de Cássio por três vezes, a primeira para não divulgar o presumido dossiê, depois para desmentir o que dissera no primeiro depoimento à Procuradoria da República sobre lavagem de dinheiro e, por último, para evitar divulgação sobre suposta pedofilia. Foi mais uma mentira, entre tantas, que caiu por terra, relembra Cássio, ressalvando, contudo, o dano irreparável. Foi muito duro à época, conclui. Ronaldo Cunha Lima Filho avalia que a sociedade exige explicação circunstanciada de todos os fatos.
Nonato Guedes