A bancada do Partido Socialista Brasileiro PSB na Câmara dos Deputados, uma das maiores da Casa e que é integrada por um representante paraibano, Gervásio Maia, em primeiro mandato vai reavaliar a posição contrária à proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo informações do site Congresso em Foco, tomando por base declarações do deputado Tadeu Alencar (PE), líder, e do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. A bancada havia fechado questão contra a proposta, de forma unânime, mas o diretório nacional convocou uma nova reunião para o próximo dia 8 a fim de reavaliar o texto. A reunião deve se dar na mesma data em que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderá levar o texto a plenário, de acordo com sua própria expectativa.
A mudança de postura por parte do PSB está sendo cogitada diante da perspectiva de reavaliação do texto original oriundo da comissão especial criada para discutir a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Tadeu Alencar e Carlos Siqueira lembram que a postura desfavorável do PSB foi tomada, a priori, em face do relatório da comissão especial, no qual foram identificadas sugestões e fórmulas que os parlamentares socialistas consideraram lesivas ou prejudiciais aos interesses dos trabalhadores. Mas o presidente Carlos Siqueira salienta que, sem qualquer intenção de interferir no posicionamento da bancada, o diretório nacional aconselha o reexame para adequação a eventuais correções que tiverem sido introduzidas no texto final a ser votado no plenário.
O deputado paraibano Gervásio Maia, ex-presidente da Assembleia Legislativa e único expoente do PSB do Estado na Câmara, radicalizou posição contra a proposta de reforma da Previdência em sintonia e articulação com o ex-governador Ricardo Coutinho, presidente do diretório estadual socialista e também presidente da Fundação João Mangabeira, do diretório nacional. Ricardo Coutinho, que é ferrenhamente contra Bolsonaro e possui canal de interlocução com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve influência junto à cúpula nacional para a postura anti-reforma da Previdência. Já o governador João Azevêdo, eleito com o empenho decisivo de Ricardo e igualmente filiado ao PSB, tem participado de reuniões, inclusive, com o presidente Jair Bolsonaro e acenado com posição flexível diante da reforma se forem contemplados e incluídos os Estados e municípios com compensações para os problemas que enfrentam diante da crise das respectivas previdências. Quando não se envolve nas discussões, devido a outros compromissos, Azevêdo delega à vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) a missão de representá-lo, e ao Estado da Paraíba. Mas ele mantém forte presença no âmbito do Fórum de Governadores do Nordeste, sincronizando atitudes com a maioria dos gestores, também ás voltas com desafios.
Gervásio Maia tem se destacado, em Brasília, por outras posições contrárias ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Foi assim que ele subscreveu um requerimento dirigido ao presidente da República sugerindo a exoneração do ministro da Justiça, Sérgio Moro, diante de revelações vazadas pelo site The Intercept Brasil sobre conversas trocadas por Moro e o procurador DeltanDallagnol, que chefia a Operação Lava-Jato, sobre os rumos que a Operação deveria tomar. Gervásio considerou que houve um comportamento antiético da parte do ministro da Justiça quando juiz atuante em Curitiba, onde chefiava a Lava-Jato, e que isto seria mais do que suficiente para a exoneração de Moro. O ministro chegou a prestar esclarecimentos no Congresso e se disse vítima de armação, ganhando a solidariedade e o prestígio do presidente Bolsonaro para continuar à frente da Pasta.
Nonato Guedes