Causou grande repercussão no meio político paraibano e em outros segmentos da sociedade a notícia da morte do médico ginecologista e obstetra Mazureik Morais, aos 89 anos, em João Pessoa. Natural de Campina Grande e com reconhecida qualificação profissional na sua atividade, ele se projetou como um filiado ilustre do PMDB (atual MDB), no papel de integrante da direção regional entre as décadas de 1970 e 1980. Era tido como homem de confiança do senador Humberto Lucena, juntamente com o advogado Janson Guedes e com o jurista Solon Benevides. Atuou no gabinete do deputado José Fernandes de Lima, quando este era líder do PMDB na Assembleia Legislativa, vindo, depois, a ser presidente da Casa Epitácio Pessoa.
Subchefe da Casa Civil no segundo governo de Tarcísio Burity, entre 1987 e 1991, Mazureik Morais foi ativo participante de decisivas articulações políticas de bastidores, como as que resultaram nas filiações de Antônio Mariz e Tarcísio Burity ao PMDB e respectivas candidaturas ao governo do Estado pela legenda. Era reconhecido pela habilidade no diálogo e pela interlocução com diferentes lideranças políticas. Cumpria, de forma disciplinada, missões delegadas pelo senador Humberto Lucena como parte das estratégias traçadas para o fortalecimento do partido e sua ascensão ao poder estadual. Tinha, também, boas relações com o ex-senador e ex-governador Ronaldo Cunha Lima e com seu filho, o também ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima.
O papel-chave de Mazureik em missões consideradas essenciais para o crescimento do PMDB foi reconhecido por historiadores como José Octávio de Arruda Melo, com destaque para o nível de confiança que ele inspirava na cúpula estadual do partido, em fases difíceis quando o PMDB laborava na oposição a governos estaduais e ao regime militar. A lealdade de Mazureik o credenciou no convívio com deputados federais e estaduais, prefeitos e senadores eleitos pela agremiação, sendo convergentes os depoimentos sobre sua capacidade de desprendimento e desapego a cargos ou outras ambições.
Nonato Guedes