Com o registro de alguns incidentes, realizaram-se, ontem, manifestações de apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, articuladas por ativistas do Movimento Brasil Livre e outras organizações. A inspiração foi a de reforçar o trabalho que o ministro desenvolveu como juiz à frente da Operação Lava-Jato, neutralizando as reações desencadeadas contra ele a partir de revelações, pelo site The Intercept Brasil, de gravações de áudios de conversas entre Moro e procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnoll, discutindo os rumos que a Operação deveria tomar.
As manifestações de ontem geraram estranheza e repúdio, nas redes sociais, por parte de petistas e aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que qualificaram-nas como inusitado culto à personalidade, fato atípico na tradição da conjuntura política nacional nos últimos anos. O presidente Jair Bolsonaro (PSL), que tem prestigiado o ministro a despeito das insinuações de parcialidade nas sentenças que ele expediu, inclusive, a de condenação e prisão do ex-presidente Lula, evitou mencionar diretamente a figura do seu auxiliar, mas elogiou o caráter de civilidade que teria pautado manifestações públicas.
A estimativa de órgãos da mídia sulista é de que as manifestações ficaram concentradas em 70 cidades de 26 Estados e do Distrito Federal, mas os adversários de Bolsonaro e críticos da atuação de Sérgio Moro avaliaram que a proporção de adesão foi bastante inferior ao que se registrou em manifestações de protesto contra o governo pelos cortes no ensino superior. Em paralelo com declarações de apoio a Sérgio Moro e à Lava-Jato, manifestantes desfraldaram bandeiras, ontem, favoráveis à aprovação da reforma da Previdência Social, que tem originado controvérsias no âmbito do Congresso Nacional. O ministro Sérgio Moro valeu-se do Twitter para agradecer, por pelo menos duas vezes, as manifestações de solidariedade, recorrendo a metáforas para se referir ao trabalho que empreendeu à frente da força-tarefa da Lava-Jato e, ao mesmo tempo, prometendo continuar se empenhando pelas mudanças com que acenou ao se investir na Pasta. Sexta-feira, em São Paulo, Moro foi homenageado publicamente pelo governador João Doria (PSDB) com a medalha Ordem do Ipiranga, considerada a mais importante do Executivo paulistano, devido à sua cruzada contra o crime, punindo figurões da política e do empresariado associados a escândalos de corrupção.
Nonato Guedes, com agências