Em comentário postado no You Tube, a propósito das críticas e censuras de telespectadores e internautas que a acusam de ter mudado de posição política-ideológica, a jornalista paraibana Rachel Sheherazade, apresentadora do telejornal SBT Brasil, em parceria com Carlos Nascimento, admitiu que mudou, sim, e que nunca escondeu isso de ninguém, tampouco se arrepende por ter mudado. Sheherazade valeu-se de teorias científicas e de ensinamentos religiosos, mencionando uma carta do apóstolo Paulo aos Coríntios em que fala das diferenças sobre ser criança e ser adulto, para fundamentar a justificativa de que mudou conscientemente. Sou um livro aberto, uma história em movimento, um ser em construção e estou sempre aprendendo, confiando menos nos pontos finais e priorizando as reticências que me dizem que só sei que nada sei, salientou Sheherazade.
A âncora de telejornal do SBT, que contornou o veto imposto por Sílvio Santos, dono da emissora, a comentários políticos no telejornal, passando a se expressar livremente em redes sociais e limitando-se, na TV, a noticiar fatos, tem sido ironizada por criticar posturas do presidente Jair Bolsonaro e do seu governo, depois de ter ganho notoriedade no SBT Brasil fustigando impiedosamente os governos do PT e líderes como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Rachel também sempre foi rotulada de direitista e conservadora por agrupamentos de esquerda com espaço garantido na mídia nacional. Ultimamente, o influente empresário Luciano Hang, proprietário da Havan, referência multinacional no ramo automobilístico, chegou a pedir a Sílvio Santos, em rede social, a demissão de Sheherazade, explicando que ela vem assumindo posições impatrióticas ao criticar Bolsonaro no You Tube. Rachel mantém-se até hoje na apresentação do telejornal.
A jornalista, que migrou da TV Tambaú, em João Pessoa, para o SBT em São Paulo, a partir de um comentário sobre prévia carnavalesca na Capital paraibana que viralizou na web e despertou a curiosidade e o interesse de Sílvio Santos em contratá-la, jactou-se, na semana passada, de ter renovado o crachá do SBT depois de oito anos sem fazê-lo. No comentário em que admite que mudou, ela faz considerações genéricas sem referência explícita ao PT ou a Bolsonaro, muito menos ao SBT. É um depoimento de caráter pessoal, profundamente intimista, sobre as diferentes estações de sua vida como um todo. Contou que sempre foi uma espécie de cavalo selvagem, que nunca aceitou cabrestos. Sempre fui livre, independente, asseverou Rachel Sheherazade, salientando não ter qualquer dificuldade em se render aos conhecimentos que a Ciência proporciona ou se deixar convencer por um bom argumento, o que a livraria da pecha de sectarismo.
Rachel contou ter elaborado o esclarecimento sobre mudança de postura em face das críticas e das postagens constantes de vídeos antigos, de oito a nove anos, que têm sido editados de má-fé com opiniões recentes emitidas por ela nas redes sociais, numa indução subliminar sobre a mudança de comportamento, como se isto fosse um pecado grave, uma suprema ofensa. A jornalista frisa que nunca deixou de proferir verdades incômodas, quando julgou isto necessário, mas advertiu que nunca se colocou em pedestal ou se sentiu invulnerável diante da aprendizagem e da vivência dos fatos do dia a dia, no Brasil e no mundo. Ela concluiu manifestando o sentimento de consciência tranquila com a trajetória com que tem se pautado, tanto na vida pessoal, como na atuação profissional, que desperta maior repercussão. Sinaliza que se considera coerente, mesmo mudando de opinião.
Nonato Guedes