Eles têm na ponta da língua os argumentos ensaiados para explicar as razões pelas quais são contra ou a favor do projeto de reforma da Previdência Social do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Deputados federais de diferentes partidos que representam a Paraíba na Câmara, onde deverá ser travada a votação da reforma a partir de hoje, são majoritários, em tese, no apoio ao projeto oriundo do Palácio do Planalto. Fazem suas ponderações, ressalvas, mas acabam unificando a linguagem dos votos. Sete deputados federais do total de 12 da bancada paraibana são a favor, enquanto cinco anunciaram que são contra. No primeiro bloco são alinhados pela imprensa os deputados Aguinaldo Ribeiro, PP, Edna Henrique, Ruy Carneiro e Pedro Cunha Lima (PSDB), Julian Lemos (PSL), Efraim Filho (DEM), Wellington Roberto (PL). Contra? Gervásio Maia (PSB), Frei Anastácio Ribeiro (PT), Damião Feliciano (PDT), Wilson Santiago (PTB) e Hugo Motta (PRB).
O que eles dizem? Gervásio é o mais radical de todos contra o governo Bolsonaro e, com a exclusão de estados e municípios do texto final do relator Samuel Moreira (PSDB-SP), ganhou um reforço retórico para marcar posição anti-governo central. Mas ele também se apega ao blá-blá-blá de que os trabalhadores serão penalizados com a reforma. Maia está no primeiro mandato na Câmara, é neto do ex-governador João Agripino, foi presidente da Assembleia Legislativa e segue fielmente os passos políticos de Ricardo Coutinho. Aguinaldo Ribeiro garante que os trabalhadores rurais não serão prejudicados na reforma e identifica no projeto uma fórmula relevante para que se comece a encarar o rombo alarmante da Previdência Social. Líder da maioria e ligado ao Centrão, Ribeiro opera com livre trânsito junto a deputados de outros Estados e é tido como expoente da tropa de choque bolsonarista, dividindo holofotes com a também líder Joice Hasselmann (PSL-SP).
Pedro Cunha Lima, do PSDB, que busca se destacar por posições independentes em plenário, coerentes com a sua própria consciência, menciona que votará a favor do projeto de reforma da Previdência, chamando a atenção para os destaques que serão apresentados pelos partidos e terão que ser analisados. Passou a defender a alteração de alguns pontos do relatório aprovado na Comissão Especial, entre eles o que garante a redução da idade de aposentadoria para as professoras. Ele é figura de destaque na Comissão de Educação da Câmara, nesta legislatura. Ruy Carneiro, também tucano, justifica que ninguém conseguirá implantar uma reforma perfeita, por conta do aumento da expectativa de vida. Diz que isto é uma realidade em todo o mundo. As pessoas que viviam até 70 anos vão viver até 90, depois vão viver até 100 anos. O número de filhos está reduzindo, o que implica na redução do número de trabalhadores. Nossa taxa de natalidade é 1,7 e já foi 3,4, comentou.
Edna Henrique esclareceu ser favorável invocando o argumento do déficit na Previdência, que precisa ser resolvido no Brasil. Ela ainda mantinha, nas últimas horas, a esperança de novas alterações nas propostas com a retirada das categorias compostas por pessoas mais carentes, como já ocorreu com os trabalhadores rurais e a remoção da capitalização no texto da reforma. Já Wellington Roberto, do PL, apesar de se posicionar a favor, apresentou proposta para retirar por completo as mudanças que prejudicam os professores na reforma previdenciária. Disse que não aceita a idade proposta de 57 anos para mulheres e 60 anos para homens, acreditando que o ideal seria 55 para homens e 50 para mulheres, na classe dos educadores. Defendeu, também, a retirada dos trabalhadores rurais da reforma e outras mudanças apresentadas pelo relator Samuel Moreira.
Nonato Guedes