A Executiva Nacional do PDT Partido Democrático Trabalhista, presidida por Carlos Luppi (RJ), deliberou suspender temporariamente a deputada federal Tabata Amaral (SP) e mais sete parlamentares, de outros Estados, que votaram a favor do projeto de reforma da Previdência do governo Bolsonaro no plenário da Câmara no primeiro turno. Com a suspensão, os punidos perdem funções de representação na estrutura partidária e, ao mesmo tempo, deixam de fazer parte de comissões temáticas da Câmara dos Deputados. A direção instaurou, ao mesmo tempo, processo interno que, em tese, garante direito de defesa aos punidos, condicionado, porém, à análise da Comissão de Ética Nacional do partido.
O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a presidência da República pelo PDT nas eleições do ano passado, não participou da reunião deliberativa da cúpula face a compromisso assumido anteriormente em Salvador e comunicado ao partido. Em entrevistas à imprensa, porém, Ciro Gomes vinha deixando clara a sua posição favorável à aplicação de sanção contra os parlamentares, em especial Tabata, que tem maior projeção pela postura independente, tendo questionado o ministro da Educação, Abraham Weintraub, com firmeza, durante uma audiência em comissão temática da Câmara Federal. No que diz respeito à reforma da Previdência, a direção nacional do PDT havia fechado questão pelo voto contrário por discordar do teor da proposta do presidente Jair Bolsonaro e avaliar que trabalhadores seriam penalizados com as mudanças, que ainda irão a segundo turno na Câmara e, finalmente, à apreciação do Senado.
Tabata Amaral evitou dar qualquer declaração à imprensa sobre a suspensão que lhe foi aplicada pelos dirigentes nacionais do PDT. Ela já havia manifestado discordância contra o fechamento de questão e se queixado de postura autoritária da direção, que, por sua vez, rebate as alegações. O ex-ministro Ciro Gomes considera que Tabata traiu compromissos com a classe trabalhadora e advertiu a deputada de que não se pode servir a dois senhores. Tabata, que obteve votação expressiva, vinha sendo cogitada internamente, em avaliações da cúpula do próprio PDT, como opção para candidata a prefeita de São Paulo no próximo ano. Pesquisas de intenção de voto, feitas por órgãos de comunicação, já sinalizaram um eventual favoritismo da deputada no páreo pela prefeitura da Capital paulista. Quando o PDT passou a ameaçar a deputada de punição, ela começou a ser assediada por dirigentes de outros partidos, interessados na sua filiação e na sua própria candidatura em São Paulo.
Na bancada federal paraibana, o único representante do PDT é o deputado Damião Feliciano, marido da vice-governadora Lígia Feliciano e presidente do diretório estadual do partido. Damião votou contra a reforma da Previdência, acatando a orientação da direção nacional do PDT e em harmonia com a orientação do governador João Azevêdo (PSB) e do ex-governador Ricardo Coutinho, também socialista, radicalmente contrários ao projeto de reforma encaminhado ao Congresso e também críticos veementes das ações e medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro. A posição contra reforma da Previdência não foi uniforme, contudo, no bloco governista paraibano. O deputado Efraim Filho, do Democratas, cujo pai ocupa uma secretaria no governo João Azevêdo, votou a favor do projeto do governo federal. Já o deputado Gervásio Maia, único representante do PSB paraibano na Câmara, foi terminantemente contrário ao projeto do Palácio do Planalto.
Nonato Guedes