Os governadores da região Nordeste reagiram, em nota oficial, a críticas que lhes foram feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que os chamou de governadores de paraíba e determinou retaliações, sobretudo, contra o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, que considerou o pior. Os gestores nordestinos, inclusive o da Paraíba, João Azevêdo (PSB) reclamaram do presidente da República tratamento institucional e respeitoso, deplorando o tom dos ataques e insinuações de baixo nível. Ontem, em Brasília, aparentemente sem saber que estava sendo gravado, Bolsonaro compartilhou com o ministro da Casa Civil, OnyxLorenzoni (DEM), comentários críticos envolvendo o Nordeste. Na parte compreensível do áudio, parece dizer: Dentre os (aqueles) governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara.
O restante da fala não é claro, mas é possível ouvir ainda Bolsonaro se referindo a alguém como aquele picareta lá. A fala repercutiu negativamente entre governadores nordestinos, que publicaram uma carta falando em indignação. Uma interpretação possível para o trecho gravado é que Bolsonaro tenha usado o termo paraíba para se referir pejorativamente aos nordestinos prática recorrente em algumas regiões do Sudeste. As declarações foram feitas nos minutos iniciais do café da manhã com jornalistas de veículos estrangeiros promovido pelo Planalto, antes de o porta-voz da República, Otávio Rêgo Barros, dar início oficial ao evento.
Foi durante o café da manhã que Bolsonaro classificou de mentira a fome no Brasil e, depois, acabou recuando. Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, disse que a orientação de não ter nada com esse cara é ilegal. Independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação. Seja o Maranhão, a Paraíba ou qualquer outro Estado, afirmou. Ele também disse que continuará se relacionando com o governo federal. Como conheço a Constituição e as leis do Brasil, irei continuar a dialogar respeitosamente com as autoridades do Governo Federal e a colaborar administrativamente no que for possível. Eu respeito os princípios da legalidade e impessoalidade (art. 37 da Constituição). O governador da Paraíba, João Azevêdo Lins (PSB) também reagiu à declaração e afirmou que a Paraíba e seu povo, assim como o Maranhão e os demais estados brasileiros, existem e precisam da atenção do Governo Federal. No Twitter, Azevêdo expressou: A respeito das declarações do presidente Jair Bolsonaro, quero dizer que condenamos toda e qualquer postura que venha a ferir os princípios básicos da unidade federativa e as relações institucionais deles decorrentes. Em carta aberta, os governadores também destacaram a Constituição. Até ontem à noite, o documento havia sido endossado pelos governadores de Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.
Nonato Guedes, com informações de UOL