Depois de criticar governadores nordestinos em café da manhã com correspondentes estrangeiros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, ontem, que há uma tentativa de desinformar e manipular os eleitores do Nordeste. Antes de falar com os jornalistas, o presidente atendeu apoiadores que estavam na entrada do Palácio da Alvorada. Ele chamou os governadores do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, e da Paraíba, João Azevêdo, do PSB, de intragáveis. Textualmente, frisou: Falaram agora que eu estou criticando o Nordeste, você viu? Dois governadores, o do Maranhão e o da Paraíba, é que são intragáveis. Eu tenho tanta crítica ao Nordeste que me casei com uma filha de um cearense, desabafou.
Aos jornalistas, o presidente queixou-se que há um jogo de desinformação em curso. Eles são unidos. Eles têm uma ideologia, perderam as eleições, tentam o tempo todo, através da desinformação, manipular eleitores nordestinos, salientou. De acordo com o presidente, grupos ligados aos governadores da região acham que o Nordeste é massa de manobra. Adiantou que fez críticas aos governadores do Maranhão e da Paraíba porque eles esculhambam obras federais. Vivem esculhambando obras federais, que dizem que são deles, (mas) não são deles, são do povo. A crítica que eu fiz foi aos governadores, nada mais, nada menos, uma crítica de três segundos, hein? Em três segundos, vocês, da mídia, fazem uma festa, declarou.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, valeu-se de sua conta no Twitter para defender o presidente. Ele informou que o governo trata o Nordeste sem preconceito e citou um caso do Ceará, governado, por exemplo, pelo Partido dos Trabalhadores. Em janeiro, na crise de segurança do Ceará, o presidente Jair Bolsonaro, primeira semana de governo, não hesitou em autorizar o envio da Força Nacional e da Força de intervenção penitenciária e em disponibilizar vagas em presídios federais para as lideranças criminosas, pontuou, em um dos tuítes. Resultado, em conjunto com o governo estadual, mesmo sendo o governador do PT, a crise foi controlada em uma semana. Nada mais do que a obrigação, Mas ilustra que o Nordeste tem sido tratado sem preconceito pelo governo federal. Afirmações diferentes não resistem aos fatos. Por outro lado, o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Márcio Jerry (MA) anunciou que pedirá à Procuradoria-Geral da República que investigue o presidente pelas declarações contra os governadores nordestinos.
Por sua vez, o governador de Alagoas, Renan Filho, do MDB, repudiou a fala do presidente Jair Bolsonaro, que se referiu ao Nordeste como Paraíba, de forma pejorativa, e ainda atacou o governador do Maranhão, Flávio Dino, a quem determinou não ser repassado nada do governo federal. Renan Filho escreveu no Twitter: Não ao preconceito ao Nordeste e ao nosso povo. Respeito, Federação e Democracia são conceitos amplos que não combinam com visão pequena, mesquinha. O governador é filho do senador Renan Calheiros, do MDB-Alagoas.
Nonato Guedes, com UOL