A recomendação do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que tem sido espalhada a aliados políticos, é expressa: o esquema que lhe apoia, distribuído também por outros partidos, deve procurar ocupar o máximo de espaços no território nacional nas eleições para prefeito em 2020, investindo, principalmente, nas Capitais, como estratégia para reforçar uma eventual candidatura do mandatário à reeleição em 2022. Em João Pessoa, capital da Paraíba, entretanto, não há registro, até agora, de candidatura forte por esse esquema à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo (PV). As especulações apontam favoritismo teórico do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), um dos maiores críticos de Bolsonaro, que governou João Pessoa por dois mandatos, tendo sido, ainda, vereador e deputado estadual por este reduto.
O PSL de Bolsonaro, que avalia alcançar um milhão de filiados na próxima campanha eleitoral em todo o país, não tem quadros expressivos para lançar à prefeitura de João Pessoa, devendo tentar formar uma frente ampla com os adversários do esquema do governador socialista João Azevêdo, que é extremamente afinado em termos políticos com Ricardo Coutinho. Dessa frente ampla poderão participar o clã Cunha Lima, de Campina Grande, ligado ao ex-senador Cássio, o próprio prefeito Luciano Cartaxo, o deputado estadual Walber Virgolino, que cogita filiar-se ao MDB e lideranças avulsas que não têm interlocução com o Palácio da Redenção.
O esquema de Azevêdo-Ricardo, por sua vez, deverá contar, ainda, com o reforço do Partido dos Trabalhadores, que tem um de seus quadros principais, o ex-deputado Luiz Couto, ocupando uma secretaria de Estado, e buscará atrair o Democratas, liderado pelo ex-senador Efraim Morais, também secretário da administração estadual, o PTB, presidido pelo deputado federal Wilson Santiago e outras agremiações, inclusive, à esquerda. Dentro do PSB fala-se numa alternativa para ocupar o papel de candidato, se Ricardo Coutinho optar por não encarar o desafio novamente: o deputado federal Gervásio Maia, ex-presidente da Assembleia Legislativa e crítico veemente do governo Bolsonaro. O PSDB examina a hipótese de lançar a candidatura do deputado federal Ruy Carneiro, que já disputou a prefeitura e perdeu o páreo para Ricardo Coutinho em 2004. O PTB não descarta a hipótese de ter candidato próprio no primeiro turno, que seria o deputado estadual Wilson Filho, mas só deliberaria nesse sentido em articulação com o esquema Azevêdo-Coutinho.
O Partido Progressista, da senadora Daniella Ribeiro, tem nomes fortes em Campina Grande mas não em João Pessoa. A respeito da estratégia de Bolsonaro parta as eleições vindouras, ainda recentemente a colunista Dora Kramer, de Veja, informou que a ideia é repetir, ao menos nas capitais e nas grandes cidades, o embate de 2018 entre os chamados conservadores e os ditos progressistas, a fim de manter acesa a chama que, na cabeça de Bolsonaro, pode levá-lo à reeleição em 2022. Um sintoma do interesse de Bolsonaro em participar de forma ativa do processo eleitoral municipal no próximo ano seria a sua atitude explicitando apoio a uma candidatura da deputada Joice Hasselmann, à prefeitura de São Paulo. O presidente, por outro lado, teria compartilhado com mais de um interlocutor a intenção de formar uma legião de candidatos país afora, independentemente da filiação partidária. Os critérios são os de afinidade de ideias, respeito ao presidente e compromisso com a reeleição deste ao Planalto.
Nonato Guedes