Ex-ator de filmes pornôs e requisitado modelo de ensaios de nus para revistas focadas no público gay, o deputado federal Alexandre Frota, do PSL de São Paulo, disparou críticas contra o presidente Jair Bolsonaro, cuja candidatura apoiou na primeira hora, e os filhos do presidente, ironizou aliados do governo e não poupou o Parlamento da sua metralhadora giratória, numa entrevista publicada pela revista Veja nas páginas amarelas. A verdadeira pornografia está no Congresso, né?, reagiu, ao ser indagado se colegas seus referem-se ao seu passado. Frota disse que ninguém fala dele na sua frente e que no Congresso não tem um parlamentar sem telhado de vidro. Nem a Maria do Rosário (PT-RS), que carrega Rosário no nome, é santa. A verdadeira pornografia está no Congresso, né?, reiterou.
O parlamentar é descrito pela repórter Maria Clara Vieira, que o entrevistou, como congressista dos mais ativos na leva de novatos que desembarcou em Brasília ora critica (já comprou brigas com os filhos do presidente e atacou o guru Olavo de Carvalho e foi atacado por ele), ora articula, como na blindagem do ministro da Economia, Paulo Guedes, por ocasião de sua audiência na Câmara. Frota, que tem 55 anos de idade, afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro, que luta para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, é um garoto mimado, com quem já tive experiências boas e ruins. Sobre o filósofo Olavo de Carvalho, radicado na Virgínia, Estados Unidos, diz que ele apita, sim, na família Bolsonaro.
– Sabe o Menino Maluquinho? Então, o Olavo é o Velhinho Maluquinho. Tinha de botar uma panela na cabeça dele para ficar igual. É um charlatão que consegue fazer com que os Bolsonaro ouçam mais ele do que os amigos que correram com o Jair desde o começo. O presidente é a pessoa que poderia encerrar essa história. Ele ouviu isso de todo mundo relata. Frota narra que já foi melhor a sua relação com o presidente Bolsonaro. Um dia desses, ele até me mandou calar a boca. Eu também acho que Jair fala muito. Você vê, ele arrancou um dente agora, ficou três dias sem dizer nada, e a gente ficou três dias sem problema, ironiza. Para o deputado por São Paulo, Bolsonaro-presidente ultrapassa limites que deveria respeitar, quando abre a boca no Twitter. Digo isso na cara dele porque, quando Jair ainda era o candidato-comédia, quem o carregava para todo lugar em São Paulo era eu. Quando ele ia dar palestra e tinha medo de que a CUT ou o MTST atrapalhassem, quem chamava dez, quinze amigos da academia para fazer a segurança, buscar no aeroporto, levar para almoçar, era eu. Parece que ele esqueceu de tudo isso no dia em que chegou ao Planalto. Hoje, temos uma relação de deputado federal e presidente.
Indagado se apoiaria uma nova candidatura de Bolsonaro em 2022, Alexandre Frota respondeu: Jair precisa honrar o que ele diz e ele disse que não sairia para a reeleição. Afirmou isso para o Brasil todo e para mim várias vezes. Mudou de ideia por quê? Gostou do jogo?. Para o parlamentar, a aprovação do projeto de reforma da Previdência na Câmara Federal, em primeiro turno, não foi do presidente Jair Bolsonaro, e, sim, do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa. Se o Rodrigo solta a mão da Previdência, já era, sentenciou o parlamentar, aludindo ao trabalho de articulação política que o presidente da Câmara desempenhou para viabilizar a aprovação da reforma previdenciária.
Nonato Guedes, com Veja