434 anos e cheia de charme! João Pessoa, a capital da Paraíba, que já foi Felipéia e Frederica, aniversaria hoje exibindo toda a beleza e toda a potencialidade que fazem dela uma das mais encantadoras metrópoles do Nordeste brasileiro. Fortaleza é atraente, Recife é feérica, Natal e Maceió são aconchegantes, mas, com todo o respeito, nenhuma se compara a esta Capital marcada pela diversidade em fases históricas, disputada à tapa em batalhas épicas por colonizadores dalhures. Ninguém corteja um imenso pedaço de terra se ele não tem nada a oferecer. Logo, João Pessoa tem sido permanentemente cobiçada justamente porque tem características especiais, diferentes, intrínsecas.
Já chegou a encostar em Paris no rol das cidades mais verdes do planeta, e basta uma circulada, do Centro Histórico à orla marítima, para constatar o quanto a Capital da Paraíba é privilegiada pela natureza e riquíssima em preciosidades e monumentos históricos e artísticos que compõem um dos acervos mais extraordinários de que se tem notícia nas plagas brasileiras. O ponto mais oriental das Américas fica localizado aqui. Somos um divisor de águas de continentes geográficos, recortados no mapa-múndi, o que nos dá a amplitude que turistas reconhecem à primeira vista. Temos um hotel fincado dentro do mar, igrejas que não apenas disseminam a fé mas contam flagrantes inéditos de civilizações invejáveis que aqui se estabeleceram na travessia dos anos e dos séculos.
Nas franjas da Capital, que é também sede de região metropolitana, há o pôr do sol do Jacaré, em Cabedelo, um dos espetáculos mais genuínos do mundo, cujo descortínio pelos olhares ansiosos é embalado pela sonoridade do bolero de Ravel, incorporado pelos paraibanos ao seu patrimônio. Se no Brasil, nos primórdios, acreditava-se que em se plantando tudo dava porque a terra era pródiga, na Paraíba, em se inventando, tudo floresce e é fora de dúvidas que o potencial criativo dos seus habitantes e dos que adotam a Capital paraibana é surpreendente e recorrente. O adensamento urbanístico projeta o crescimento contínuo numa cidade que ainda tem espaços por onde fazer escoar as suas riquezas infindáveis.
Quem não se encanta com a Lagoa do Parque Solon de Lucena, em pleno centro, aproximado do entorno do ponto geodésico, espécie de marco fundador de João Pessoa? Que tal apreciar a Bica, o Jardim Botânico, os casarões moldados por variados estilos de arquitetura, as praias, as inúmeras praias, algumas com surpresas estonteantes? Aqui se constrói e se preserva a História e esta é uma das facetas mais interessantes de João Pessoa, exemplo admirado por outras gentes que ora chegam pelo Porto de Cabedelo, ora desembarcam no aeroporto Castro Pinto, ora, ainda, preferem locomover-se de carro para ganhar mais intimidade com o que aqui há. A Estação Ciência, o Espaço Cultural, os teatros, os ambientes de interação social reforçam a visão espacial do colorido exuberante que esta terra tem a oferecer.
O povo trabalha de sol a sol para manter acesa a chama do progresso, a vocação inelutável para a aspiração do desenvolvimento, na competição salutar com outras capitais e cidades médias não menos importantes no Nordeste e em outras regiões deste imenso território brasileiro. O espírito guerreiro que forjou a formação dos antepassados é fonte de inspiração para as gerações consecutivas que se esmeram nas táticas de combate até mesmo às adversidades naturais, travando embates antológicos em nome da sobrevivência, da valorização das necessidades vitais. O cenário promissor em que João Pessoa se move, dentro do figurino de expansão, não olvida o reconhecimento da persistência de bolsões de desigualdade econômica e social como corolário da própria conjuntura nacional, recheada de desníveis inter-regionais, frutos de modelos elitistas e concentradores de renda que permitiram a acumulação de bens e riqueza por poucos, em detrimento dos muitos que estão situados abaixo da linha de pobreza ou do seu paralelo.
Mas, abstraindo essa parte das vicissitudes, a Capital da Paraíba cresce em consciência política, em Cidadania, em afirmação, em conquista de direitos e na denúncia das discriminações odiosas dos que acabam construindo um Brasil fratricida e vulnerável. A Paraíba se orgulha da Capital que tem e da população que nela reside. Somos uma metrópole sem perder o jeito de burgo, o que dá uma pequena mostra da metamorfose que se opera ao ensejo dos 434 anos. Parabéns, João Pessoa!
Nonato Guedes