Deputados integrantes do G-10, um autodenominado bloco independente na Assembleia Legislativa do Estado, boicotaram, ontem, um café da manhã com o governador João Azevêdo (PSB) na Granja Santana, cuja pauta previa discussão de temas administrativos relevantes. Um dos motivos para o boicote do grupo liderado pelo deputado Júnior Araújo, do Avante, seria a tentativa do governador de engavetar as discussões sobre a PEC que institui Emendas Impositivas na Casa de Epitácio Pessoa. Nos bastidores, versões sinalizaram, também, que a escolha do presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, para a Secretaria de Governo teria desagradado parlamentares.
Tião Gomes, expoente do G-10, descartou a orquestração de boicote mas deixou claro a jornalistas que o bloco não abre mão do direito de discutir temas polêmicos como a aprovação das emendas impositivas e a reforma da Previdência da Paraíba. Frisou que não se trata de retaliação ao governo. Estamos colocando posições e queremos discuti-las. Queremos ajudar a Paraíba mas não aceitamos ser pautados por outros líderes. O G-10 mantém como um grupo homogêneo, fiel aos ideais que preconiza. Somos governo, mas não somos subordinados. Queremos a governabilidade, mas também queremos ser ouvidos, prognosticou Tião Gomes.
O governador João Azevêdo reagiu em tom de surpresa à ausência dos parlamentares e insinuou que se os integrantes do G-10 tinham, realmente, interesse em colocar na mesa alguma insatisfação, perderam essa oportunidade. Lá (na reunião) seria o espaço adequado para esse tipo de discussão. Não tenho, oficialmente, nenhuma reclamação posta até agora. A Secretaria de Governo, que foi entregue ao presidente do PSB, Edvaldo Rosas, é dona do maior orçamento para 2019: R$ 2,176 bilhões. A Educação tem R$ 1,7 bilhão e a Saúde R$ 1,3 bilhão. Rosa sofre restrições, também, dentro do PSB. As deputadas Estelizabel Bezerra e Cida Ramos, por exemplo, opinaram que ao assumir a Secretaria de Governo, ele deveria transferir a presidência do PSB para Ricardo Coutinho ou outro filiado histórico.
No entendimento do deputado Tião Gomes, a aprovação da emenda impositiva representa um gesto de autonomia, até mesmo um grito de liberdade do Parlamento paraibano, citando que a ALPB está defasada no contexto, uma vez que a Câmara Federal adotou as emendas impositivas, o mesmo ocorrendo com Assembleias de 14 Estados e com a prefeitura municipal de João Pessoa. O G-10 deve apresentar hoje ou amanhã o pedido de instalação da Comissão Especial para apreciação da Proposta de Emenda Constitucional versando sobre as emendas impositivas. Caberá ao presidente Adriano Galdino (PSB) instalar ou não a referida Comissão Especial.
Nonato Guedes