O G-10, bloco parlamentar que diz defender os interesses do Estado mas com autonomia e sem subordinação a caprichos do Executivo, foi reforçado, ontem, com o ingresso do deputado Doda de Tião, do PTB, recebido com festa pelos integrantes do agrupamento. Doda chegou dizendo que vai defender a aprovação de emendas impositivas, motivo maior de sua decisão de compor o agora G-11. O crescimento do bloco não agradou ao governador João Azevêdo (PSB), que disse, ontem, só reconhecer o G de Governo.
A semana começou com desencontros entre o governador e deputados teoricamente enquadrados na sua base de sustentação na Casa de Epitácio Pessoa. Uma reunião convocada para a Granja Santana registrou boicote com ausência de parlamentares agregados ao G-10. Ontem, de forma enfática, o chefe do Executivo declarou que não pretende instituir a prática de diálogo com grupos, sugerindo que prefere o entendimento com o conjunto dos deputados que se disponham a apoiar as matérias de interesse público. João disse que não pode forçar a permanência, na base, dos que não estão à vontade no papel de aliados da sua gestão. Quem tiver interesse em continuar na base, será bem-vindo, expressou.
O governador não esconde o seu desapontamento com o clima de divisões que está reinando na bancada de sustentação na Assembleia Legislativa, entre deputados do PSB e de outros partidos teoricamente alinhados com sua administração. O recém-chegado deputado Doda de Tião negou que haja algum tipo de rompimento com o governo. O grupo é governista, assegurou, advertindo, porém, que há pautas defendidas por serem consideradas essenciais até mesmo para o fortalecimento do governo do Estado. Continuo e estou bem na base do governador João Azevêdo, em quem votei e para o qual trabalhei durante a campanha eleitoral. Mas também quero debater, opinar, questionar e votar de acordo com minha consciência e com os interesses da população, enfatizou ele.
Interlocutores mais próximos ao governador temem que a atmosfera divisionista imponha derrotas seguidas ao governo em plenário ou produza um ambiente de instabilidade e insegurança para o Executivo na relação com o Parlamento. Doda de Tião é filiado ao Avante e repeliu as versões de que deputados do agora G-11 tentem pressionar o governo por interesses fisiológicos. Ninguém aqui está contra o governo, ninguém quer nada do governo. Queremos apenas colocar os pontos que estão sendo discutidos dentro do grupo e que envolvem o interesse público. Nós temos nossos pontos de vista, que podem até divergir do governo, como a questão das emendas impositivas, mas estamos aqui como deputados da base governista, finalizou, em declarações ao jornal Correio da Paraíba, reproduzidas hoje pelo repórter André Gomes.
Nonato Guedes