Quanto vale uma vida? Ontem valeu menos do que um ingresso. E nós perguntamos: até quando? Esta não é a primeira vez, e infelizmente, não será a última que um jovem morre por violência policial. Sim. Violência policial. Não. Não foi overdose.
Eduardo Feliciano viajou até Ceará-Mirim, e assim como todos nós, ele queria ver o Belo sair com os três pontos, ele queria acreditar na arrancada, ele queria voltar pra casa e dizer que a classificação era possível, que o acesso era o futuro. Mas ele não pôde. Ele não pode mais.
Ele não sabia que a sua vida estava por um fio, que ao pular um simples muro, ele assinava sua sentença de morte. Morte provocada por quem deveria o manter seguro, nos manter seguros. Mas vem cá, a PM te deixa seguro, te deixa segura?
Espancaram Eduardo até ele não aguentar mais, no hospital não sobreviveu. Laudo médico: overdose. Não basta nos matar, é preciso acabar com a nossa reputação. E o respeito onde fica? Não fica. E a família como fica? Destruída.
Ontem foi Eduardo, jogo que vem pode ser qualquer um de nós. Estamos pensando nos três pontos que virão contra o Náutico, mas também estamos pensando se voltaremos pra casa no próximo jogo. Ou então, se não voltaremos dentro de um caixão. Também tememos que a nossa história seja manchada. Porque não basta nos matar, é preciso acabar com a nossa história, com nosso nome, com a nossa imagem.
Por isso, toda a nossa solidariedade à família e aos amigos de Eduardo. Todo nosso repúdio à violência policial. Não aceitamos que um jogo tenha terminado em um funeral.
Fonte: Hevilla Wanderley (Belo Antifascista)