O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), afirmou em entrevista ao UOL que o governo federal cancelou o envio de recursos que já estariam assegurados para duas grandes obras federais no Estado: uma barragem e a dragagem do principal porto, o de Cabedelo. Além disso, afirmou que o governo não assinou nenhum convênio com a Paraíba este ano, o que configura, lamentavelmente, uma situação de discriminação por causa de política. O governador disse que é preciso desarmar o palanque montado nas eleições de 2018.
– A lógica fica sempre um pouco na lógica do palanque. Parece que a eleição não terminou. Fica essa discussão de nós contra eles, quem é a favor ou contra, um Flamengo e Fluminense que não nos interessa. Não me interessa esse tipo de disputa criticou o socialista. Atacado por Bolsonaro ao tentar consertar a frase em que chamou os governadores do Nordeste de governadores de paraíba, João Azevêdo critica o clima de animosidade para o qual acabou sendo puxado e nega que tenha interesse escondendo o nome de Bolsonaro em obras federais. Eu não tenho preocupação, até porque a legislação prevê a inclusão de todos os entes em placas, disse.
Para o gestor paraibano, as falas de Bolsonaro não são motivo de preocupação pessoal, mas ele cobra um tratamento republicano com o Estado. Vou continuar cobrando tratamento republicano que nosso povo do Estado merece. São quatro milhões de habitantes, ele têm direito, justifica. Azevêdo ironizou a ideia de que os governadores do Nordeste querem se separar do país ou transformá-lo numa Cuba, como insinuou Bolsonaro, por conta da criação do consórcio de Estados da região. Fico pensando quando ele descobrir o consórcio do Banco Central, o consórcio da Amazônia Legal; que os estados do Sul e Sudeste também estão se organizando para criarem os seus consórcios, acentua.
Com o slogan O Brasil que cresce unido, o Consórcio Nordeste foi apresentado no último dia quatro em Salvador e reúne os nove Estados da região. A ideia é realizar uma série de investimentos em conjunto, como a criação de uma central de compras, e fechar parcerias com entidades internacionais. Outra proposta é tentar contratar médicos estrangeiros para atuar na região. João Azevêdo disse que o que existe, em termos de convênios, são convênios fechados em governos anteriores, já que com o de Bolsonaro não está relação. Frisou que em janeiro esteve no ministério da Infraestrutura e havia um recurso destinado à dragagem do porto de Cabedelo. O ministro Tarcísio de Freitas confirmou a disponibilidade de R$ 50 milhões. Na última reunião que o governador teve o ministro, ele disse que os recursos não estão mais disponíveis. Não quero crer que tenha sido uma orientação do presidente, há muita coincidência, disse Azevêdo, acrescentando que, pela aparência, a eleição não terminou para Bolsonaro.
– A Paraíba é um Estado que fez o dever de casa, que tem 38% da receita líquida comprometida com empréstimos, que paga servidores em dia, paga metade do décimo terceiro, paga todos os fornecedores e tem obras sendo executadas. É um Estado que buscou o equilíbrio fiscal e vem mantendo neste ano. E de repente se viu no meio de uma disputa política que não termina nunca, com colocações que não cabem e que são extremamente infelizes salientou Azevêdo, pontuando que ultimamente não tem havido contato direto da sua parte com o presidente da República, até em virtude das declarações agressivas que ele tem feito sobre gestores da região.