Embora evitem declarações públicas para não alimentar polêmica ou divisões, secretários e aliados políticos do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), demonstram impaciência com a atitude assumida pelo alcaide de não precipitar o processo à sua sucessão, repetindo a tese de que a hora de trabalhar e que a questão das candidaturas somente deve ser tratada no momento oportuno, no próximo ano, quando serão abertas, também, as negociações com outros partidos para a perspectiva de composição ou coligação. Os secretários Diego Tavares e Zennedy Bezerra têm sido apontados, informalmente, como as principais alternativas do esquema do prefeito da Capital para o confronto das urnas, mas apurou-se que há outros nomes em apreciação. Os dois auxiliares não pressionam Luciano nem assumem pose de postulantes, priorizando as tarefas administrativas.
O receio de interlocutores próximos do prefeito de João Pessoa é que a demora na escolha do candidato à sua sucessão prejudique a construção de uma coligação forte junto a outras legendas que estão na oposição ao governo de João Azevêdo (PSB). Ressaltam, em off, que todo empenho deve ser feito para não repetir o que aconteceu na campanha ao governo do Estado em 2018, quando o próprio Luciano permaneceu por bastante tempo no noticiário como candidato de uma frente de oposição à sucessão de Ricardo Coutinho, embora ele não se assumisse como tal, insistindo em deixar decisão para a Hora H. Com isso, perdeu-se tempo, o esquema de Ricardo fixou-se irreversivelmente na candidatura do então secretário João Azevêdo, que acabou vitoriando no primeiro turno, e Luciano foi substituído no páreo pelo irmão gêmeo Lucélio Cartaxo, tendo como vice a doutora Micheline Rodrigues, mulher do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, com o pleno aval do então senador Cássio Cunha Lima, do PSDB. A chapa Lucélio-Micheline ficou em segundo lugar. Também concorreu pela oposição o senador José Maranhão (MDB), que não logrou atrair apoios mais expressivos à sua postulação e perdeu a dianteira com que figurou nas primeiras pesquisas de intenção de voto, passando para o terceiro lugar na competição.
Entre aliados de Cartaxo, argumenta-se que a definição antecipada por um nome à prefeitura possibilita a massificação da suposta candidatura junto a segmentos importantes do eleitorado pessoense e, ao mesmo tempo, uma tomada de posição de outros partidos que combatem o PSB, com quem será protagonizado o principal embate. O PSB acredita-se em vantagem inercial pela possibilidade de vir a contar com o ex-governador Ricardo Coutinho como candidato potencial a prefeito, aproveitando-se a ampla influência que ele tem na Capital e o reconhecimento pelo trabalho empreendido nas duas gestões que empalmou, conquistadas em 2004 e 2008, seguindo-se a eleição ao governo do Estado em 2010 e a reeleição em 2018. Ricardo, que permaneceu no Palácio da Redenção até o último dia de mandato, em dezembro do ano passado, dentro da estratégia de contribuir para eleger João Azevêdo, tem consciência do quase consenso em torno da sua candidatura, novamente, a prefeito, mas não cogita se impor e defende, mesmo, o aprofundamento do debate interno sobre outras opções viáveis uma das quais seria, segundo se especula, a do deputado federal Gervásio Maia.
Deputadas socialistas com atuação maior em João Pessoa, como Estelizabel Bezerra e Cida Ramos, que foram candidatas à prefeitura em 2012 e 2016, sendo derrotadas, não escondem a predileção pelo lançamento da candidatura de Ricardo como tática para a retomada da cidadela pessoense, mas sinalizam que gostariam de um aceno qualquer, nesse sentido, da sua parte, o que não tem acontecido. O governador João Azevêdo, ainda na semana passada, abordado por jornalistas, deixou claro que aguarda um posicionamento do antecessor Ricardo Coutinho e que ele terá todo o seu apoio e estímulo caso dedica-se a concorrer novamente à prefeitura. Luciano está concluindo seu segundo mandato como prefeito de João Pessoa e não definiu os próximos passos políticos que virá a empreender.
Nonato Guedes