O presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, Carlos Siqueira (PE), informou ontem à noite que a Executiva Nacional decidiu dissolver o diretório estadual da legenda na Paraíba. Com a medida, o secretário de Estado do Governo, Edvaldo Rosas, não é mais o presidente da sigla. Uma comissão provisória será nomeada nas próximas horas. O dirigente nacional descaracterizou um suposto processo de intervenção na seção paraibana do PSB, ponderando que foi uma decorrência do impasse político criado neste Estado, a partir da renúncia da maioria dos integrantes da direção do PSB.
Como pano de fundo, está a articulação do grupo ligado ao ex-governador Ricardo Coutinho no sentido de fazê-lo presidente da agremiação, a partir do crescimento conquistado nas eleições de 2018 na bancada estadual e com a eleição de um deputado federal (Gervásio Maia), bem como a vitória de João Azevêdo ao governo no primeiro turno, com o apoio decisivo de Coutinho. Fontes ligadas ao agrupamento socialista admitem que há uma crise, pontuada por distanciamento, de momento, entre o governador João Azevêdo e o antecessor. A instabilidade na base governista, agravada pela dissolução do diretório estadual, deixa parlamentares preocupados com o andamento de pleitos encaminhados sob o carimbo de governo da continuidade, com a unidade entre os dois líderes do PSB.
Carlos Siqueira revelou ao Correio da Paraíba que já deu ciência ao governador João Azevêdo da deliberação do diretório nacional, adiantando que iria conversar com o ex-governador Ricardo Coutinho e que sua expectativa é de que haja uma solução através do diálogo. Quero crer que ninguém deseja o impasse, frisou. Não só deputados, mas vereadores e outras lideranças passaram a se dividir em meio à contestação oposta à manutenção de Rosas na presidência mesmo tendo assumido uma secretaria na administração. O governador João Azevêdo havia dito que não havia incompatibilidade na acumulação da secretaria de Governo com a presidência do PSB, mas adeptos de Ricardo Coutinho sugeriram seu nome para comandar a legenda nos próximos embates eleitorais, alegando que ele deu provas de espírito de renúncia ao não impor candidatura a senador no pleito do ano passado.
Apurou-se que nas últimas horas aliados de Ricardo percorreram cidades da Paraíba em busca de assinaturas de diretorianos para renunciar a funções na Executiva, com isto gerando as condições para a dissolução, que terminou se efetivando. Por outro lado, apoiadores de Edvaldo Rosas, com o respaldo do governador João Azevêdo, deflagraram um périplo para recolher assinaturas que referendassem a permanência da atual composição partidária estadual. O deputado Ricardo Barbosa, líder do governo na Assembleia Legislativa, confirmou a existência de duas listas e lamentou que o impasse tenha se cristalizado, observando que todos perdem com a situação.
A vereadora Sandra Marrocos, que atua na Câmara de João Pessoa, posicionou-se em favor do ex-governador Ricardo Coutinho. Salientou que respeita a trajetória de Edvaldo Rosas e o papel importante que ele desempenhou para fortalecer o PSB na Paraíba, mas alegou que hoje ele está à frente de uma Pasta na administração estadual, sendo até natural que o ex-governador Ricardo Coutinho assuma a direção da legenda. Atualmente, Ricardo preside a nível nacional a Fundação João Mangabeira, organismo de estudos do PSB. O vereador Tibério Limeira, por sua vez, disse não ter conhecimento de nenhuma crise, mas ponderou que se houver algum problema no partido deve ser equacionado pela via do diálogo.
Nonato Guedes