Numa entrevista a Carlos Madeiro, repórter-colaborador de UOL em Maceió, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), presidente nacional da Fundação João Mangabeira, do Partido Socialista Brasileiro, criticou a violência usada pelo presidente Jair Bolsonaro com os governadores, com o povo e com as obras do Nordeste. O principal exemplo, segundo ele, seria o abandono do governo federal à transposição das águas do rio São Francisco. É uma discriminação odienta. É importante que as demais instituições ponham um freio nisso e atuam na defesa da democracia, diz.
As declarações do ex-gestor coincidem com matéria publicada hoje pelo jornal Correio da Paraíba, informando que a transposição das águas do São Francisco está suspensa na Paraíba. O bombeamento no eixo leste da obra foi suspenso ontem antes dos 60 dias da fase de teste, iniciada em quatro de julho. O trecho é responsável por trazer água do rio para a Paraíba. O Ministério do Desenvolvimento Regional informou que precisou suspender o sistema após equipamentos de monitoramento emitirem alerta durante a fase final de enchimento da barragem Cacimba Nova em Custódia, Pernambuco. O MDR não forneceu detalhes sobre as origens do problema, mas garantiu que não há risco de rompimento.
Ricardo Coutinho pediu a responsabilidade ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal para que vetem excessos do presidente Bolsonaro. O Congresso pode se afirmar mais, como fez em alguns momentos, por exemplo no decreto das armas. Ele teve boa atitude mas não estamos vivendo momento de normalidade. Não tem nada normal no que ocorre hoje, diz. E acrescenta: Em qual época na história você viu um jornal austríaco de respeito dizendo que o Brasil elegeu um idiota? Em qual época tivemos presidente brasileiro atacando a vontade soberana de um povo, como no caso do Nordeste? As coisas estão num patamar anticivil. O ex-governador afirma que esperava por um governo desastrado de Bolsonaro, mas o que mais chamou a sua atenção no governo foi o que chama de violência. É a violência na palavra; nas relações internacionais; na discriminação e no preconceito. Tudo hoje está sendo movimentado em torno da violência, que é comandada pelo atual presidente da República. Todo dia sai algo de estarrecer, enfatizou.
Para o ex-governador paraibano, os ataques não só de palavras, mas institucionais, precisam ser mais vistos pelos outros poderes. O Congresso e o Supremo Tribunal Federal precisam ser mais presentes neste debate. Vejo que o Executivo funciona a mil por hora, pelo menos na produção de coisas não civilizadas, e não é acompanhado pelos demais Poderes. Isso é muito perigoso. Para Ricardo, por trás das falas há interesses internacionais em atingir a soberania do país e tirar proveitode minerais, vegetação e petróleo, por exemplo. Em nenhum momento da história houve um presidente tão antinacional como o que aí está. Essa conjuntura tem de ser vencida, arrematou.
Da Redação, com UOL