O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse a jornalistas paraibanos que propôs uma reunião, em Brasília, até terça-feira, para conciliar facções do Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, que estão em pé de guerra nos bastidores depois que a direção nacional dissolveu o diretório estadual e destituiu o secretário de Estado do governo, Edvaldo Rosas, da sua presidência, ficando de nomear o mais rápido possível uma comissão provisória. A disputa opõe os aliados do atual governador João Azevêdo e do ex-governador Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira. Seguidores de Coutinho propõem que ele seja escolhido presidente da agremiação na Paraíba, com a missão de estruturá-la para as eleições municipais do próximo ano.
A respeito da reunião proposta por Carlos Siqueira, como ele mesmo informou, o ex-governador Ricardo Coutinho aceitou participar do diálogo, enquanto João Azevêdo ficou de dar uma resposta, na dependência da sua agenda administrativa. O racha no PSB paraibano já está provocando tomada de posição de deputados estaduais, prefeitos e vereadores, quer pelo alinhamento com Ricardo, quer pelo alinhamento com Azevêdo. Carlos Siqueira, em declarações ao repórter Écliton Monteiro, do Sistema Correio de Comunicação, enfatizou: Existe um fato que a Executiva não pode desconhecer, que é a dissolução do diretório, e nós queremos encontrar uma saída política. Achamos que é muito importante dar sequência ao legado do PSB de seis anos na prefeitura e oito anos no Estado. Ao meu ver, seria importante encontrarmos uma solução de unidade.
O dirigente nacional do Partido Socialista continua descaracterizando a adoção de intervenção no diretório regional da Paraíba, explicando que recebeu documentos com renúncias de 50% mais um dos diretorianos, o que, nos termos estatutários, provoca, automaticamente, a dissolução do organismo interno. A grande expectativa da direção nacional diz respeito ao posicionamento que tomará o governador João Azevêdo, diante das fortes especulações de que ele poderá migrar para outra legenda, já tendo recebido ofertas de algumas siglas para se filiar. Interlocutores de João disseram que se ele for ao encontro para uma conciliação em Brasília, deverá levar documentos de lideranças que recuaram no apoio à mudança da direção do PSB, o que complicaria a decisão tomada pela Nacional. No jogo de versões, está sendo cogitada a hipótese de ser levada à Justiça a questão da dissolução do diretório paraibano. O foro para dirimir o impasse, porém, não será a Paraíba, já que o órgão nacional só pode ser demandado em sua sede, que é Brasília, nos termos da Lei Orgânica dos Partidos Políticos.
A divisão na seara socialista da Paraíba está sendo acompanhada com interesse pelos demais partidos e com preocupação por inúmeras lideranças filiadas ao PSB no Estado, que temem pelo desmoronamento da proposta de continuidade do projeto implantado com a vitória de Ricardo Coutinho em 2010 ao Palácio da Redenção, bem como com sua reeleição em 2014. O próprio deputado Ricardo Barbosa, líder do governo João Azevêdo na Assembleia Legislativa, tem sugerido abertura para entendimento interno a fim de que o partido não venha a sofrer consequências negativas depois de ter experimentado crescimento nas eleições do ano passado.
Nonato Guedes