Pode parecer pouco caso, mas não é. Há anos, Michelle Bolsonaro afastou-se da avó, presa por tráfico de drogas e da mãe, que falsificou documentos. Assim começa uma matéria da revista Veja sobre o tormento da primeira-dama, aludindo a dramas familiares com que ela convive e que chegaram a ser abordados e admitidos pelo marido, o presidente Jair Bolsonaro, em conversas com jornalistas nos últimos dias. Na ocasião, ele prestou apoio a Michelle, pediu respeito da imprensa aos dramas familiares da mulher e criticou a Folha de São Paulo e a própria revista Veja por supostamente fazerem sensacionalismo em torno de questão tão delicada.
Em abril passado, Veja divulgou reportagem informando que Maria Aparecida Firmo Ferreira, 70 anos, cardíaca, portadora de Parkinson, radicada num casebre na parte mais miserável de Brasília, a favela Sol Nascente, é avó de Michelle mas há seis anos não tinha contato com a neta que ajudou a criar, não tendo sido convidada para a posse de Jair. Nos últimos dias, a Folha de São Paulo publicou uma nova reportagem mostrando que Maria Aparecida estava internada há dois dias no corredor de um hospital público de Brasília, aguardando vaga para realizar cirurgia ortopédica, com dores decorrentes de uma fratura da bacia. Para complicar as coisas, foi divulgado que dona Aparecida, antes de se aposentar, tentou ganhar a vida traficando drogas, o que constaria de processo instaurado na Primeira Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais do Distrito Federal. Já Maria das Graças, a mãe de Michelle, possuía dois registros civis um verdadeiro e outro falso, descobertos pela polícia em 1988. A Delegacia de Falsificações e Defraudações de Brasília instaurou inquérito policial para apurar Maria das Graças., que acabou indiciada por falsidade ideológica. O processo foi arquivado.
“Veja informa ter apurado com familiares da primeira-dama que o distanciamento entre ela, a mãe e a avó se deu justamente por causa desses problemas do passado. Um parente que pediu anonimato contou que pouco depois de Jair Bolsonaro decidir concorrer à Presidência, Michelle procurou a mãe para que ela resolvesse pendências que ainda existiam sobre a sua documentação. Ofereceu ajuda, mas Maria das Graças recusou e as duas se afastaram. A mãe nega qualquer entrevero com a filha. Há outros rolos familiares mencionados por Veja com parentes da primeira-dama do Brasil. Procurada para falar a respeito, Michelle não quis se pronunciar sobre os familiares. No governo, de acordo com a Veja, ela vem desenvolvendo um bom papel, ocupando o cargo de presidente do conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, órgão responsável por projetos na área social. Todo o episódio mencionado é uma baixaria, verberou o presidente Bolsonaro.
Repórter da revista Veja, Marcela Mattos lembra que Michelle Bolsonaro chamou atenção já no primeiro dia de governo. Ao quebrar todos os protocolos e fazer um pronunciamento na cerimônia de posse, falando antes do novo presidente da República, a primeira-dama fez uma promessa: as pessoas com deficiência, com destaque para surdos, seriam valorizadas na administração Bolsonaro. Se já era novidade uma primeira-dama discursar na posse, o formato surpreendeu ainda mais: Michelle se comunicou em libras, a linguagem de sinais. E é ao justificar o conhecimento desse idioma que a primeira-dama fala de sua família assunto raro em suas também raríssimas entrevistas. Ela conta que aprendeu o alfabeto em libras graças a um tio surdo. Ele plantou essa semente na minha vida, afirmou.
Michelle Bolsonaro despacha no Ministério da Cidadania entre duas a três vezes por semana. Chega pela garagem, anda cercada por seguranças e tem se reunido com empresários em busca de apoio para iniciativas na área social. Desde julho ela preside o conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, projeto criado por Bolsonaro para estimular empresas e organizações da sociedade civil a auxiliar setores mais carentes. Dentro das minhas limitações, sempre quis ajudar o próximo. É um chamado do meu coração. Aceitei esse caminho com o desígnio de Deus, disse Michelle durante o lançamento do programa.
Nonato Guedes, com agências e Veja