O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou 500 dias preso em uma sala na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele responde a processos por suposta corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas insiste em que é vítima de perseguição política em um processo de lawfare capitaneado pelo atual ministro da Justiça, Sergio Moro. A prisão de Lula tem despertado interesse internacional,provocado manifestações de protesto de personalidades de destaque e romaria de visitas de solidariedade à cela especial que ocupa. Atribui-se ao papa Francisco uma manifestação de clemência em prol da soltura de Lula, o que estaria implícito numa mensagem que circulou na mídia, segundo a qual o Pontífice teria dito que “no final, o bem vencerá o mal, a verdade vence rá a mentira”.
O cantor irlandês Bono Vox, da banda U2, afirmou que Lula “é o único interlocutor capaz de falar com capitalistas e socialistas, com dirigentes dos países ricos e com as lideranças do Terceiro Mundo. Curitiba, com a prisão de Lula, passou a ser considerada a capital da Lava Jato, a operação desencadeada por expoentes do Ministério Público e que levou às prisões inúmeros políticos de expressão, do PT e de outros partidos, ex-ministros dos governos Lula da Silva e
Dilma Rousseff,empresários e executivos de projeção em empreiteiras que foram arroladas em escândalos políticos, de repasse de propinas a partidos e candidatos, mediante o famoso caixa dois, uma prática ilegal que por bastante tempo funcionou no cenário político brasileiro. A orquestração sobre injustiça contra Lula ganhou visibilidade graças a posturas agressivas e até antidemocráticas cometidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, que nas eleições de 2018, concorrendo pelo PSL, derrotou o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, lançado pelo PT e queainda obteve 45 milhões de votos no páreo.
Nos próximos dias, os apelos por “Lula Livre” deverão ecoar em Oslo, na Noruega, onde o comitê organizador vai analisar milhões de assinaturas que reivindicam a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Lula, não obstante sua condição de presidiário. Ontem, Fernando Haddad foi condenado por uso de caixa dois de dinheiro recebido da UTC Engenharia na campanha eleitoral de 2012, quando foi eleito prefeito de São Paulo. A pena imposta pela Justiça Eleitoral é de quatro anos e seis meses de prisão em regime semiaberto. Cabe recurso contra a decisão. Na acusação, o promotor eleitoral Luiz Henrique Dal Poz afirmou que o então candidato a prefeito deixou de contabilizar valores, bem como se utiilizou de notas inidôneas para justificar despesas. A quantia recebida da UTC Engenharia, segundo a denúncia, foi de R$ 2,6 milhões.
Nonato Guedes