A vereadora Sandra Marrocos, do PSB, que atua na Câmara Municipal de João Pessoa, prestigiou evento da prefeitura da Capital na manhã de hoje, nos Bancários, e não regateou elogios a ações da administração de Luciano Cartaxo (PV), adversário do governador João Azevêdo. O fato surpreendeu pessoas presentes, bem como observadores políticos, estimulando especulações de que Marrocos estaria na iminência de debandar do PSB por estar incomodada com as divergências entre o governador João Azevêdo e o ex-governador Ricardo Coutinho, este, mentor de articulação que dissolveu o diretório estadual socialista e destituiu da presidência o secretário de Estado do Governo, Edvaldo Rosas. Sandra justificou sua presença informando que é moradora dos Bancários, onde vive com sua família. Reconheceu que várias obras têm sido empreendidas pela gestão municipal, como unidade de saúde da família, creche, UPAS, praças e agora o ginásio.
– Sou uma entusiasta do Orçamento Participativo, dessa parceria entre a sociedade e a Câmara, e hoje é um dia feliz, de paz, de juntar forças contou a vereadora, confessando estar muito empolgada com a obra, até porque parte da verba a ela destinada foi oriunda de uma emenda de sua iniciativa apresentada na Casa de Napoleão Laureano. A parceria entre prefeitura e Câmara Municipal faz muito bem à cidade, pontuou Marrocos, evitando encaixar o governo do Estado, que desde Ricardo Coutinho não dialoga bem com Luciano Cartaxo, prefeito pela segunda vez. Passados oito meses da investidura de Azevêdo no Palácio da Redenção, até o momento não houve uma audiência entre o prefeito e o chefe do Executivo para trato de demandas de João Pessoa.
Cartaxo minimizou as insinuações sobre alinhamento político da vereadora Sandra Marrocos com seu esquema, enfatizando que não houve qualquer entendimento com ela nesse sentido.
Interpretou a presença da vereadora no evento como reconhecimento da importância da ação administrativa, da prefeitura, e como consequência do empenho de Marrocos em manter-se atenta a reivindicações de interesse das camadas mais carentes da população de João Pessoa. A crise no PSB paraibano entre os líderes Ricardo Coutinho e João Azevêdo tem despertado preocupação nos bastidores, entre os socialistas, diante da perspectiva de eleições municipais no próximo ano para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Até o momento, Azevêdo não sinalizou ensaios para migrar para outro partido, mas não tem escondido, em declarações à imprensa, seu desapontamento com atitudes tomadas por aliados do ex-governador Ricardo Coutinho que, a seu ver, apenas dificultam o caminho da unidade interna.
Interlocutores políticos dos dois lados não descartam a hipótese de uma medição de forças entre Ricardo e Azevêdo pelo controle do diretório estadual, mas fazem votos para que os dois dialoguem com vistas a cumprir o compromisso assumido de dar continuidade ao projeto socialista de governo na Paraíba. Analistas experimentados que acompanham a queda-de-braço entre Azevêdo e Coutinho avaliam a ruptura como irreversível, alegando não identificar atmosfera propícia ao desarmamento de ânimos e a uma pacificação. O governador, inclusive, recusou-se a participar de um encontro que seria mediado pela direção nacional, através do presidente do diretório, Carlos Siqueira, como parte da tentativa de equacionar o impasse paraibano. Os dois, Ricardo e João, já se encontraram num estádio de futebol em João Pessoa mas mantiveram distância providencial.