Em solenidade prevista para hoje, na sede da Acadepol, em João Pessoa, o governador João Azevêdo (PSB) anunciará a criação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção na Paraíba, medida que sucede ao indiciamento de três auxiliares da administração na Operação Calvário, que detectou irregularidades na gestão pactuada da Saúde, com o pagamento de propinas a secretários, a partir de 2011, o primeiro ano da gestão do ex-governador Ricardo Vieira Coutinho. Até o momento, foram alvos da Operação Calvário os ex-secretários Gilberto Carneiro, da Procuradoria Geral, Waldson de Souza, do Planejamento e Gestão e Livânia Farias, da Administração. Esta chegou a ser presa e as versões mais recentes dão conta de que foi concluída a sua colaboração premiada a autoridades policiais, revelando informações ainda mantidas sob sigilo judicial.
O secretário de Segurança e Defesa Social do Estado, Jean Nunes, disse que a criação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção atende a um dispositivo legal estabelecido pelo governo federal, no caso, a portaria de número 631/2019 do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A portaria estabelece, dentre os critérios de rateio dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, a necessidade de criação e efetivo funcionamento na Polícia Civil de unidade dedicada exclusivamente ao combate à corrupção. O ato programado para hoje marcará, também, o anúncio de criação da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos da cidade de Patos. Ficará encarregada de atuar nas ocorrências envolvendo furtos por meio de explosões e arrombamentos de instituições bancárias e de terminais de autoatendimento, bem como de roubos a empresas e veículos de transporte de valores no Estado.
A Operação Calvário foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, e apura supostos pagamentos de propinas a autoridades paraibanas desde 2011. A Operação Calvário é desenvolvida conjuntamente pelos Ministérios Públicos da Paraíba e do Rio de Janeiro, e no foco das investigações estão contratos celebrados com a Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, pelo governo da Paraíba, para a gestão pactuada da Saúde Pública. Comandada por Daniel Gomes da Silva, a organização teria gerado recursos públicos da ordem de R$ 1,2 bilhão do Estado, havendo denúncias de pagamentos a autoridades com dinheiro supostamente desviado dos cofres públicos.
Nonato Guedes